O 1° Seminário de Palhaçaria de Governador Valadares foi um verdadeiro sucesso. Realizado no Teatro Atiaia, o evento reuniu aproximadamente 500 pessoas, entre estudantes, artistas, profissionais da saúde, da educação e comunidade em geral, que brincaram, estudaram, trocaram experiências e se divertiram em dois dias de programação intensa e inspiradora.
O primeiro dia foi dedicado à discussão acadêmica sobre a arte da palhaçaria e sua dimensão humana. O cerimonial, conduzido pela palhaça Filó (professora Flávia Rodrigues) e pelo palhaço Buh (professor Marcelo Xavier), trouxe leveza e comicidade, misturando risos e reflexões. O momento cultural ficou por conta do Teatro Universitário da UNIVALE, que encantou o público com um repertório de músicas populares brasileiras, em apresentação de voz e violão comandada por Áquila Mendes e Andrea Moreno.
As convidadas Ana Reis, Claudiane Dias e Serena Barroca conduziram uma conversa sobre o arquétipo do palhaço, com uma linguagem simples, sensível e acessível. Elas mostraram como a figura do palhaço ultrapassa o espaço do picadeiro, habitando o cotidiano, o corpo e as emoções humanas. “O palhaço é uma presença ancestral que nos ensina a rir de nós mesmos e a nos reconectar com a essência do humano”, destacou a palestrante Claudiane Dias.
A mesa foi mediada pelos professores Valdicélio Martins e Karla Nascimento, do curso de Pedagogia da UNIVALE, que ressaltaram a importância do riso como potência de cura. Para o professor Valdicélio, “ser palhaço é um ato de coragem, de entrega e de resistência. O riso tem o poder de curar feridas invisíveis, de abrir caminhos e de aproximar as pessoas de sua própria humanidade”.
Encerrando o primeiro dia, a diretora de Pesquisa, Extensão e Pós-graduação da UNIVALE, professora Elaine Pitanga, destacou a relevância de iniciativas como esta.
“Projetos que unem arte, cultura e extensão universitária fortalecem nossa missão social e aproximam a universidade da comunidade. A palhaçaria é também um exercício de empatia e humanização”, afirmou.
O segundo dia foi marcado pela prática, com as oficinas “Jogos Teatrais” e “Teatro do Oprimido”, que reuniram 25 participantes em cada turma. As atividades permitiram aos participantes experienciar o “ser palhaço” como forma de expressão, escuta e liberdade. Para Maurício Mendes, ator do Teatro Universitário, que participou da oficina de Teatro do Oprimido, “foi um momento de libertação e autoconhecimento, em que cada gesto se transformava em diálogo, e cada silêncio em poesia”.
Já a professora Wildma Mesquita, coordenadora do curso de Pedagogia da UNIVALE, avaliou a oficina de Jogos Teatrais como um espaço de descoberta e coletividade: “O teatro nos convida a olhar o outro com sensibilidade. Foi lindo ver nossos alunos se permitindo brincar, errar, improvisar e, principalmente, aprender sobre si e sobre o outro”.
Após as oficinas, o grupo saiu em cortejo pelas ruas da cidade, indo do Teatro Atiaia até a Praça dos Pioneiros. Cerca de 60 pessoas, entre palhaços, artistas e participantes, tomaram as ruas com fantasias coloridas, barulhos de percussão e muita alegria, atraindo olhares e sorrisos por onde passavam.
O evento foi encerrado com o espetáculo “Balangandã: do canto ao conto”, apresentado pelo Teatro Universitário. Mais de 200 crianças lotaram o Teatro Atiaia e se encantaram com a energia contagiante dos artistas, que misturaram música, humor e poesia. Para a professora Karla Nascimento, “o espetáculo foi uma celebração da infância, da alegria e da arte que nasce do encontro. Ver o teatro cheio de crianças sorrindo é o verdadeiro sentido de tudo isso”.
Encerrando o seminário, o professor Valdicélio Martins dos Santos, o palhaço Furreca, refletiu sobre o significado do evento:
“Fazer um encontro como este é reafirmar que Governador Valadares voltou a respirar arte. A palhaçaria precisa ocupar os espaços acadêmicos e culturais, porque ela fala sobre gente, sobre território e sobre pertencimento. A arte é o que nos mantém vivos e humanos”.
O 1° Seminário de Palhaçaria mostrou que o riso é, acima de tudo, resistência. E que a universidade, quando se abre para o sensível, transforma o conhecimento em experiência viva, coletiva e transformadora.
















Fotos: Divulgação Univale