Por Jaqueline Rocha
No último domingo, o Jornal da Cidade trouxe uma notícia que merece destaque: Governador Valadares está entre as dez cidades mineiras que mais abriram empresas em 2025, ocupando a nona posição no ranking estadual. O dado reforça nossa vocação empreendedora e a importância do município como polo comercial no Estado.
Mas, passada a euforia dos números, surge uma questão fundamental: o que faz um negócio prosperar depois de aberto? Bons produtos? Preços competitivos? Um plano de negócios consistente? Tudo isso conta, claro. Mas, em um mercado cada vez mais concorrido, físico e digital, o que pesa, no fim, são as pessoas. Quem atende o cliente? Que experiência ele leva ao sair da sua loja?
No Dia dos Pais, vivi uma situação que ilustra bem essa reflexão. Fui com meus filhos comprar um presente na Rua Peçanha, coração de Valadares. Na primeira loja em que entrei, todas as vendedoras estavam com o celular na mão e nos olharam como quem foi interrompido. O atendimento foi fraco, distante, e saímos sem comprar.
Na loja ao lado, a cena foi outra. Atendimento cordial, atenção, até um SMS depois para saber se estávamos satisfeitos. Fiquei surpresa e elogiei. Mas, quando precisei trocar a peça, a experiência virou do avesso. A vendedora que me atendeu não fez esforço algum, poucas opções, pressa em encerrar logo a troca. Ficou claro: sem comissão, sem motivação. Como o proprietário estava presente, consegui efetuar a troca e meu esposo ainda fez outras compras.
E é aí que está a chave. Troca também é venda. Troca também é oportunidade de fidelizar. Troca pode, muitas vezes, gerar ainda mais compras. Mas nem todo vendedor percebe isso. Cabe ao empresário orientar, treinar (não somente em datas sazonais) e até repensar a forma de incentivar sua equipe. Se a comissão só aparece na venda direta, talvez valha a pena pensar em algo que valorize também quem acolhe bem no momento da troca.
É claro que cada negócio tem sua realidade. Mas uma coisa é certa: abrir empresa é só o primeiro passo. O que vai mantê-la de portas abertas é a relação construída com o cliente. Isso não depende só de preço, nem de produto. Depende da experiência, da forma como alguém é recebido e tratado.
E talvez esse seja o ponto que Valadares precise levar para a reflexão. Mais do que aparecer bem em rankings, precisamos que cada CNPJ aberto represente longevidade. Que as empresas da cidade cresçam não só em número, mas em qualidade no atendimento. No fim das contas, o cliente que volta é sempre o melhor indicador de que o negócio vai bem.
Sobre a autora
Jaqueline Rocha é jornalista há quase 20 anos, com experiência consolidada em comunicação corporativa e gestão empresarial. Pós-graduada em Comunicação e Design Digital pela ESPM, cursa atualmente Neurociência Aplicada: Produtividade e Performance Humana pela PUC Campinas. Possui ainda MBAs em Gestão Empresarial e em Comunicação Estratégica. Atua como consultora, palestrante e mentora de líderes e equipes, ajudando empresas a se comunicarem com clareza, conexão e propósito. Redes Sociais: @comunicajaqueline