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sexta-feira, 31 outubro, 2025

Aílton Krenak vem à UNIVALE para banca de mestrado que analisou suas ideias para adiar o fim do mundo

Orientador da pesquisa considera a presença de Aílton Krenak na UNIVALE um grande marco para o programa de mestrado e para a universidade
Aílton Krenak (camisa verde) com integrantes da banca do mestrado. Foto: Divulgação Univale

Por Thiago Ferreira Coelho

Entre os livros do escritor Aílton Krenak, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), está a obra “Ideias para adiar o fim do mundo”, em que o autor critica a perda da conexão entre humanidade e a natureza. O líder indígena, que também é professor, filósofo e ambientalista, esteve na UNIVALE na quinta-feira (30), onde participou da banca de defesa da dissertação em que a advogada Rosileide de Souza Melo concluiu o mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT), utilizando em seus estudos a produção de Aílton Krenak como um dos principais referenciais teóricos.

O escritor veio à universidade com a esposa Irani, e foi prestigiado também por outros indígenas Krenak que vieram acompanhar a defesa, quando Rosileide apresentou a pesquisa “Os lugares como narrações ritualísticas: a literatura de Aílton Krenak e a experiência de adiar o fim do mundo”. O trabalho foi aprovado e com recomendação de ser publicado. Além do escritor, a banca foi composta por docentes do GIT: o orientador Bernardo Nogueira, o coorientador Edmarcius Carvalho Novaes, e os professores Bruno Capilé e Maria Terezinha Bretas Vilarino.

Após a apresentação de Rosileide, Aílton Krenak afirmou que se sente amplamente celebrado ao ser incluído como referência bibliográfica em uma pesquisa que relaciona a obra dele a trabalhos de outros pensadores de questões climáticas, de comportamento e da sociedade, em uma crítica ao modelo econômico neoliberal.

“Nossa experiência de estar aqui é compartilhada com outros seres. Eu prefiro chamar o neoliberalismo de pós-capitalismo. Porque é muito gentil chamar essa economia predatória de ‘neo’, e não tem nada de nova. Essa economia é uma prática famigerada de comer terra, comer a natureza. O colonialismo imprimiu, ao longo do tempo, diferentes camadas de usurpação”, observou o ambientalista.

Rosileide aponta que dar centralidade ao livro “Ideias para adiar o fim do mundo” é uma forma de discutir um tema atual, propondo alternativas e fazendo resistência ao neoliberalismo.

“A literatura do Aílton Krenak cria lugares que resistem ao fim do mundo. São lugares enquanto sonho, enquanto silêncio, enquanto rio e enquanto infância. Na literatura dele nós encontramos formas de adiar o fim do mundo, através do território e dos lugares construídos nesse território. A obra dele nos leva a pensar em um modo de vida diferente, em que é possível pausar, escutar e sonhar. No dia a dia, muitas vezes a gente deixa de sonhar, por falta de tempo. Fico muito feliz de ele ter compartilhado comigo esse momento, de estar presente e fazer várias pontuações”, declarou a mestranda.

O orientador da pesquisa, o professor Bernardo, considera a participação de uma personalidade renomada internacionalmente, como Aílton Krenak, em uma banca de defesa de dissertação do GIT, como um grande marco para o programa de mestrado e para a universidade.

“A minha família é de Conselheiro Pena, e passei todas as minhas férias na beira do Rio Doce. Eu nadei com os Krenak no Rio Doce, durante muito tempo na minha infância. Depois que fui estudar, da graduação ao doutorado, sempre tive contato com as obras do Aílton Krenak. É um autor de referência mundial, hoje em dia é imortal da Academia Brasileira de Letras, e faz parte da formação da minha consciência como ser humano no mundo. Estar perto dele é como estar mais próximo de Deus. E para a UNIVALE é um momento histórico. Vários alunos, alunas, professoras e professores daqui estudaram a obra dele, uma pessoa que conduziu nosso pensamento para uma forma de adiar o fim do mundo, como ele nos ensina. O GIT tem agora um momento histórico, antes e depois do Aílton Krenak aqui. Ganha a UNIVALE, ganha o GIT e, sobretudo, ganham alunas e alunos. Porque ter uma presença como essa aqui não passa incólume. Nós seremos melhores e seremos outros depois dele aqui com a gente”, afirmou Bernardo.

Fotos: Divulgação Univale

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