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ANS nega restrição à realização de mamografia para mulheres com menos de 50 anos

Consulta pública do órgão regulador dos planos de saúde gerou controvérsia com entidades médicas e foi discutida em audiência pública nesta quinta-feira (9).
Comissão de Saúde debateu a realização de exame de mamografia em mulheres a partir de 40 anos. Foto: Luiz Santana ALMG
quinta-feira, 9 outubro, 2025

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) desmentiu informações de que seria contrária à realização de mamografia por mulheres com menos de 50 anos. Assessora do órgão, responsável por regulamentar os plano de saúde no País, Kátia Curci participou de audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira (9/10/25).

Com o objetivo de discutir a realização de mamografia em mulheres a partir de 40 anos tanto na saúde suplementar como no Sistema Único de Saúde (SUS), a reunião demonstrou que a importância da antecipação da faixa etária alvo dos exames é consenso entre os especialistas da área. 

O deputado Arlen Santiago (Avante), que solicitou a audiência, fez uma breve exposição sobre os dados de câncer de mama no Brasil.

“Dados de 2022 mostram que o câncer de mama foi responsável por 13 óbitos em cada 100 mil mulheres. O diagnóstico tardio é o grande problema, por isso os exames preventivos devem começar cada vez mais cedo."

Arlen Santiago
Dep. Arlen Santiago

O parlamentar lembrou que a mamografia é considerada o exame mais eficaz para detecção precoce do câncer de mama. Pesquisas demonstram que até 23% das mortes causadas pela doença entre mulheres de 40 a 50 anos poderiam ser evitadas com a realização da mamografia preventiva, o que traria um impacto financeiro de R$ 100 milhões anuais para o Estado.

Kátia Cursi, da ANS, destacou que em nenhum momento o órgão pensou em restringir o acesso das mulheres à mamografia, que deve ser feita sempre mediante prescrição médica. Segundo ela, foi disseminada na mídia uma compreensão errônea sobre a Consulta Pública 144, disponibilizada pela agência. 

“O objetivo da consulta foi instituir o Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde das Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde. Nesse ponto, ela recomendava a busca ativa das pacientes entre 50 e 69 anos que não haviam realizado o exame, mas de forma alguma restringia a realização a partir dos 40 anos. Inclusive, para mulheres com fatores de alto risco, esse rastreamento pode acontecer antes disso”, explicou.

De acordo com Marco Matias, representante do Conselho Regional de Medicina (CRM), os benefícios da realização do exame em mulheres mais jovens já foi demonstrado, mas são necessárias políticas públicas que assegurem a medida.

“Não basta apenas a realização do exame, precisamos garantir que também sejam realizadas a biópsia, a histologia e a imunohistoquímica. Também é importante garantir acesso a diversos profissionais responsáveis pelo cuidado, como mastologista, oncologista, radiologista, entre outros”, disse.

Gabriel Silva Júnior acredita que na campanha Outubro Rosa é preciso ir além da discussão sobre diagnóstico e tratamento, abordando também a promoção da saúde, por meio de exercícios físicos e dieta adequada. Foto: Luiz Santana ALMG

Gabriel Silva Júnior, representante da Associação Médica de Minas Gerais, acredita que é preciso ampliar o que se discute na campanha Outubro Rosa.

“Como médicos, além de diagnosticar e tratar, temos que levar informações de promoção da saúde, por meio de exercícios físicos, dieta adequada. É preciso criar condições para a população realmente ter melhor qualidade de vida”, frisou.

A oncologista Aline Chaves, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), lembrou que os médicos da área têm contato com as pacientes quando elas já estão com diagnóstico em mãos.

“O pior momento para um paciente oncológico é quando ele tem um câncer e ainda não começou o tratamento. Investir em rastreamento precoce é poder falar para a mulher que ela não precisará fazer quimioterapia porque o tumor está em estágio inicial”, salientou.

A segurança dos profissionais que realizam exames de imagem também foi comentada na audiência. Leandro Marcelo Prado, presidente do Conselho Regional de Técnicos em Radiologia, falou da importância de ter um programa de qualidade para os mamógrafos, o que permite avaliar se eles estão adequadamente calibrados para evitar quantidade de radiação fora do padrão. Estudos mostram que 3% dos equipamentos no Brasil são certificados.

“É importante acompanhar toda a cadeia, desde a mulher que precisa fazer o exame até a qualidade desses equipamentos, mas não de forma punitiva. Também é necessário oportunizar treinamento dos profissionais para operar os equipamentos em tempo hábil” disse.

Cuidados em Minas Gerais

A representante da Secretaria de Estado de Saúde, Fernanda Vilarino Jorge, destacou ações em curso no Estado em relação à doença.

Ela citou a chegada de novos 64 mamógrafos, que vão operar em diferentes regionais de Minas Gerais.

“O programa Cuidar na Hora Certa busca acompanhar toda a jornada da mulher ao longo do cuidado, mas como a atenção é regionalizada, contamos muito com as informações do gestor municipal. A ideia é que a mulher realize a biópsia até 60 dias após a mamografia”, relatou.

A especialista também apresentou a iniciativa da implantação do profissional integrador, que será o agente que vai acompanhar a jornada da mamografia até a punção. A ideia é que esse profissional faça parte das equipes especializadas. 

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais


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