por Edmundo Alvarenga
Hoje quero falar de um ícone da nossa querida Governador Valadares. Trata-se da eterna Miss Minas Gerais, Maria Aparecida Benz, eleita em 1955, que representou a cidade com graça e elegância Brasil afora — desde os tempos em que foi coroada Miss Interior de Minas Gerais, no ano anterior.
Arrojada. Essa palavra talvez defina bem quem foi Maria Aparecida Benz — se é que ela cabe em uma única palavra. Entre tantas possíveis, arrojada parece vestir bem sua história. Eleita Miss Minas Gerais por Valadares, nossa queridinha sempre foi lembrada como a eterna Miss. Eterna, porque sua beleza vinha acompanhada de uma simpatia que conquistava a todos. Filha de pai austríaco e mãe mineira, foi criada aqui, entre o Rio Doce e os morros valadarenses, sempre incentivada a ir além. Nessa época, ela já dirigia automóveis e pilotava avião.
Mas não parou por aí...
Linda, sim. Mas na mesma medida, inteligente, competente e batalhadora. Aparecida nunca foi apenas o estereótipo da mulher bonita. Era, acima de tudo, uma mulher à frente do seu tempo. Sua trajetória contava a história de alguém que desafiou convenções, rompeu expectativas e construiu uma vida profissional marcante.
Tinha uma visão firme sobre a vida. Lutava pela independência, cuidava da família e mantinha um compromisso sério com o trabalho. Quebrou estereótipos antiquados que, por tanto tempo, limitaram o potencial feminino. Era politicamente engajada, opinava com clareza, envolvia-se com causas sociais e levantava, com coragem, bandeiras que ainda hoje são necessárias: mais mulheres em posições de liderança, mais liberdade para ser quem se é.
Maria Aparecida Benz foi muito além dos rótulos. Deixou, com sua vida, uma mensagem poderosa para mulheres de todas as idades: é possível, sim, ser bonita, inteligente, independente, e construir uma carreira sólida — tudo isso sem abrir mão dos valores pessoais e da família.
Ela representou uma geração que escancarou portas para as mulheres modernas. Seu exemplo provocou uma reflexão urgente à sua época — e ainda válida nos dias de hoje: precisamos desvincular os atributos físicos dos julgamentos sobre a capacidade intelectual.
E, assim, Aparecida segue viva — não só nas fotos de concurso, mas na memória de uma cidade inteira e no coração de todas que, como ela, ousam ser mais do que esperam delas.
Aparecida:
04/08/1936 - 02/09/2020
Texto por sua filha, Daniela Benz Perez.
Raimundo Jornaleiro