por Marcius Túlio
A partir do momento em que os fatos são criminosamente sobrepujados por narrativas direcionadas, com olhares coniventes e incentivadores dos poderes constituídos, a dignidade de uma nação se desfalece nos capítulos da História.
Assim que anseios populares se rendem a retóricas envernizadas pelos objetivos sombrios da manutenção do poder a qualquer custo, estabelecidos por quem deveria resguardar a integridade da nação e garantir o perfeito funcionamento do ordenamento jurídico ou legal, os horizontes nacionais estarão comprometidos na escuridão.
Enquanto os bons ventos de liberdade se tornam instrumentos de segregação ideológica e desencadearem a fissão do sentimento patriótico, gerando campanhas dicotômicas baseadas em discursos dissimulados que vulgarizam a soberania nacional, os rumores ganham corpo irradiando asco e isolamento internacional.
Os recentes acontecimentos que assolaram o país, trazendo aberrações políticas, econômicas, sociais e diplomáticas ocorridas e ocorrentes no Brasil das leis simbólicas obviamente ultrapassam as fronteiras para assombrar o mundo civilizado, angariando repulsas e críticas sarcásticas.
A fragilidade política e jurídica externada publicamente por um alto funcionário do Poder Judiciário, somada ao escandaloso rombo ou roubo detectado no INSS e ao fraudulento julgamento dos acusados do suposto golpe de Estado perpetrado com Bíblias, bandeirinhas, pipoca e batom, bem ao estilo de Lídice em 1942, parece bem assimilada e dá contornos de normalidade, tal qual a Orquestra Sinfônica do Titanic.
O poder silenciador que exerce os resquícios de corrupção demonstra sua força para ditar a conduta de uma nação cujos representantes sucumbiram ao “canto da sereia”, a mídia iludida, intimidada ou corrompida e conivente, seja lá o que for, cumpre seu papel crucial, digna do Ministério da Propaganda do “Reichminister” Joseph Göebbels.
O notável malabarismo envidado pelos meios de comunicação tradicionais, que não raras vezes têm laços familiares com o sistema em vigor, atinge seu ápice ao silenciar-se, omitindo ou distorcendo fatos em favor de narrativas ajustáveis.
Enquanto a nação padece de medo e incertezas, sem saber o que de fato está acontecendo, o tribunal da inquisição política desenvolve ilegítima e ilegalmente seu papel de notáveis consumidores da lei.
Ao passo que severas sanções rondam o país, algumas eminências pardas ainda tentam, de forma atabalhoada, emplacar o famoso “jeitinho brasileiro” para driblar ou mesmo
atenuar seus efeitos, sem saber, estupidamente, entretanto, que visam propositadamente combate-lo de forma definitiva.
O status de isentos ou “isentões” ou “de cima do muro” esfacelou-se com o tempo, nos levou à bancarrota e ao conformismo, garantindo segurança aos oportunistas e aos tiranetes de plantão, esmagando qualquer possibilidade de acesso à dignidade enquanto nação.
Os resquícios de uma política de governo, não de Estado, que visa o bem estar da esfera ideologizada pelos bônus e a manutenção do poder a qualquer custo já podem ser sentidos pelos cidadãos minimamente elucidados, enquanto a manutenção da normalidade se dá de forma massiva, por meio de uma engenharia mirabolante, genitora de uma “bola de neve” de alto custo, cujos pagadores, nem é preciso citar.
É irracional, desmoralizante e vergonhoso compactuar com um estado de coisas onde figuras reconhecidamente criminosas, corruptas, desonestas e hipócritas, ostentem poder e dele fazem seu meio de vida, impunemente.
Sem dignidade não há de se falar em identidade e a nação estará sujeita a caprichos megalomaníacos, mas mesquinhos, que a classificam como “vira latas”.
Nenhuma democracia do mundo permitirá um violador dos “Direitos Humanos” participar da vida ativa do país.
O medo sempre será escravo da tirania, a anuência é sinal de covardia e a aceitação voluntária significa cumplicidade.
Lembrando que “em cima do muro” sempre seremos alvos fáceis.
Paz e Luz.
Marcius Túlio é Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais