A Câmara Municipal de Ipatinga realizou na noite desta quarta-feira (3) audiência pública para discutir a utilização do campo do Nescau, no bairro Ideal, diante da proposta do Executivo de construir uma escola municipal no local. O encontro reuniu vereadores, técnicos da Secretaria Municipal de Educação, representantes do setor de Esportes e moradores da comunidade, que apresentaram argumentos favoráveis e contrários à intervenção.
Logo na abertura, o vereador Chiquinho, presidente da Comissão de Educação, Esporte, Cultura e Lazer da Câmara e responsável por conduzir a audiência, destacou que o objetivo do encontro era ouvir todos os lados sobre a destinação do espaço, amplamente utilizado pela população para práticas esportivas, lazer e convivência.
Durante as manifestações, os moradores enfatizaram o valor histórico e social do campo. O morador Edgar afirmou que “a decisão sobre o campo não pode ser imposta sem diálogo com a comunidade”, defendendo a realização de um plebiscito local para decidir sobre o uso do espaço. Ele ressaltou que o Nescau é um ponto de encontro de diversas famílias e criticou o que chamou de “falta de transparência” do Executivo no processo.
A psicóloga Maria da Penha Andrade Cruz, também moradora do bairro, relembrou que o campo existe desde antes da criação do bairro Ideal e foi uma conquista da própria comunidade. Ela declarou não ser contra a educação, mas defendeu que “há escolas com vagas ociosas na região” e sugeriu a transformação de uma unidade estadual em escola de tempo integral, mantendo o campo como espaço de lazer e esporte.
Vereadores cobram diálogo e transparência
Entre os vereadores, prevaleceu o apelo por mais diálogo e esclarecimentos técnicos.
O vereador Elias da Fonte, relator da Comissão de Educação, Esporte, Cultura e Lazer, destacou que o colegiado foi responsável por solicitar a realização da audiência. Ele defendeu que a Câmara cumpra seu papel fiscalizador e criticou a postura do Executivo. “Não somos contra a escola nem a favor do fim do campo, mas queremos clareza e respeito ao direito da comunidade de participar da decisão”, afirmou.
O vereador Professor Maicon Saimon, vice-presidente da Comissão, informou que o projeto da nova escola está registrado desde 2021 na plataforma federal Transferegov, com recursos de aproximadamente R$ 11 milhões já aprovados. Segundo ele, o problema é a “falta de comunicação e erros técnicos”, reforçando que “a comunidade precisa ser ouvida antes da execução da obra”.

Encontro foi conduzido pelo vereador Chiquinho e reuniu moradores, vereadores e representantes da Prefeitura
A vereadora Cida Lima ressaltou que a maioria dos moradores soube da proposta pelas redes sociais e questionou o Executivo sobre o cumprimento das metas do Plano Municipal de Educação. “Não sou contra escolas, mas é preciso respeito e transparência com a comunidade”, afirmou, pedindo que o projeto completo seja apresentado oficialmente à Câmara. Ela também destacou a importância de avaliar as metas relacionadas à educação infantil e à ampliação da educação integral antes da implantação de uma nova unidade.
Prefeitura apresenta justificativas técnicas
Representando a Secretaria Municipal de Educação, o gerente de Tempo Integral Willam Lacerda apresentou dados técnicos que justificariam a construção da nova unidade. Segundo ele, a Regional 7 tem cerca de 4.051 alunos, mas apenas 3.243 estão matriculados nas escolas locais, o que gera um déficit de 808 vagas. “O projeto segue o modelo nacional do MEC e FNDE e atenderá cerca de 500 alunos em tempo integral”, afirmou. Ele acrescentou que o campo do Nescau é o único terreno público e plano da região que atende aos requisitos técnicos para a obra.
Já o diretor de Esportes, Thiago Lajes, reconheceu a importância das atividades desenvolvidas no local e informou que a Secretaria mantém diálogo com representantes das escolinhas que utilizam o campo.
“O projeto prevê uma quadra society como contrapartida, mas sabemos que isso não supre toda a demanda esportiva. Nosso compromisso é garantir que nenhuma escolinha seja encerrada”, assegurou.
Ao final da audiência, foram sugeridos encaminhamentos como: solicitação oficial do projeto completo da escola ao Executivo; apresentação de dados detalhados sobre a educação infantil na Regional 7; e garantia de continuidade das atividades esportivas da comunidade, mesmo com a eventual construção da unidade escolar.
Asssita à audiência:





