A falta de insumos e a crescente fila de espera por uma consulta estão diretamente ligadas ao deficit de pessoal do Centro Odontológico do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg).
Em visita à unidade na manhã desta segunda-feira (26/2/24), em Belo Horizonte, a Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) constatou essa realidade: com uma capacidade de trabalho instalada para 140 dentistas, o centro conta hoje com 70 profissionais.




Fotos: Guilherme Bergamini/ALMG
A deputada Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou a atividade, representou a comissão. Ela vem conduzindo uma série de visitas a unidades do Ipsemg, para traçar um diagnóstico do atendimento disponibilizado pela autarquia.
Funcionária do Ipsemg há mais de 40 anos, a auxiliar de saúde bucal Jeancely Martins lamentou a situação atual do Centro Odontológico, que já contou com quase 300 dentistas. “Dá vontade de chorar”, comentou.
Assim como a maioria dos seus colegas presentes, ela cobrou a nomeação de mais candidatos aprovados no concurso que teve seu resultado final recentemente homologado.
Jeancely ainda se queixou dos salários pagos pelo Ipsemg e das baixas gratificações para atividades de gestão, que resultam na alta rotatividade de profissionais e em dificuldades operacionais para compra de materiais. O setor responsável por este serviço, com dois pregoeiros, não dá conta da demanda por insumos, segundo ela.
Técnica de saúde bucal, Cibele Silva entregou à deputada Beatriz Cerqueira um relatório técnico que reforça o deficit de profissionais e a falta de medicamentos. Ela salientou que a demanda não é apenas por dentistas, mas também por técnicos e auxiliares, cuja defasagem é ainda maior.
Todo esse cenário se reflete na dificuldade de conseguir atendimento na unidade, seja para uma primeira consulta ou para o retorno, que chega a demorar três meses para ser marcado. “Está muito difícil marcar consultas, o serviço está muito sucateado. Às vezes conseguimos atendimento mais rápido no Sistema Único de Saúde (SUS)”, reclamou Eunice Sousa, usuária do Ipsemg.
Ala desativada tem 21 consultórios
Responsável interina pela Gerência Odontológica, Rosaline Leitão confirmou que o quadro atual não é suficiente para atender a demanda, apesar da sua qualidade reconhecida pelos conveniados.
Uma ala inteira do Centro Odontológico está fechada, com 21 consultórios inutilizados pela falta de dentistas. Como cada consultório pode receber dois dentistas (um em cada turno), só aí há uma defasagem de 42 profissionais, que poderiam atender em média cinco pacientes por dia, cada.
Ela informou que o Ipsemg pleiteia junto à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) mais do que as 280 vagas disponibilizadas no último concurso, para cobrir a vacância de cargos. Para o Centro Odontológico, estão previstos 16 cargos para dentistas (12 já tomaram posse).
Para a presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg (Sisipsemg), Antonieta de Faria, falta boa vontade e respeito aos servidores por parte da Seplag, que se utilizaria da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para frear as reivindicações dos trabalhadores.
Na mesma linha, a deputada Beatriz Cerqueira criticou a falta de investimentos do Governo do Estado no Ipsemg e de concursos para recomposição do quadro de pessoal, o que ela entende ser uma política deliberada da gestão de Romeu Zema.
A deputada ainda anunciou visitas da comissão às unidades credenciadas à autarquia e à própria Seplag, para discutir as demandas dos servidores.
Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais