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Coisas do Brasil - Capítulo II

Leia a coluna da semana de Marcius Túlio
Brasil. Foto: Reprodução da Internet
domingo, 11 maio, 2025

por Marcius Túlio

O que pensar de um país onde instituições governamentais se apossam de bilhões de dinheiro pertencente a trabalhadores, sem se preocupar em esconder a falcatrua, encontrando respaldo em decisões ou no silêncio das autoridades responsáveis pelo controle, e fiscalização?

O que pensar de um país onde a instância máxima do Poder Judiciário ataca o Poder Legislativo, confrontando flagrantemente a Constituição que tem o dever de defender e de zelar?

Bom, em se tratando de uma republiqueta que se auto denomina democrata, cujos princípios partem da máxima de que, “meus amigos não têm defeitos, meus inimigos, se não os tiverem, eu os invento, usando a criatividade”, tudo passa a ser normal, desde que atendidos os objetivos a que se destinam atos ou procedimentos.

É estarrecedor a constatação de que representantes do povo, liderados por um partido, que se diz dos trabalhadores, se empenhe em obstaculizar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar e investigar o roubo de bilhões de Reais dos aposentados da previdência social, especialmente dos de menor poder cognitivo e econômico.

É surreal imaginar que ainda tenham o disparate ou o descaramento de se manifestarem publicamente, afrontando quaisquer limites de decência ou de empatia com o povo brasileiro em favor de um governo, no mínimo conivente, que parece não se interessar pelos percalços da população e pelos destinos da nação.

Partindo do “se colar colou”, o governo demonstra que, se porventura não for descoberto ou denunciado, vida que segue, em caso contrário, demite-se alguns funcionários, talvez um Ministro de Estado, que o problema estará resolvido, tudo isso, com o ensurdecedor silêncio do atuante STF (Supremo Tribunal Federal), e com as tratativas quase criminosas de silenciar o Congresso Nacional.

Por falar em Congresso, em meio ao turbilhão de falcatruas, buscam o aumento do número de deputados federais, com aumento de milhões de Reais aos cofres públicos, por motivos ainda nebulosos para os mortais, o que, em primeiro plano, mais parece uma cortina de fumaça.

A pergunta que não quer se calar é: qual ou quais os motivos para se bloquear a abertura de uma CPI ou CPMI no Congresso?

Eu, um simples mortal, pagador de impostos e profano não saberia responder essa clássica pergunta por um simples motivo, não integro essa estranha confraria que de tudo se beneficia sem nenhuma mácula no currículo.

Os que têm a resposta, provavelmente nunca se manifestarão a não ser com evasivas que agridem nossa vã filosofia e zombam de nossa ingenuidade.

O mais tangível é que, deixar o tempo passar seja a estratégia mais contundente, já que a conhecida memória do brasileiro comum é falha ou inexistente, como já é de praxe no país das maravilhas bestiais.

Devolver o dinheiro roubado seria uma solução muito convincente se não coubesse aos cofres públicos, seria o cúmulo da ingenuidade acreditar que os destinatários desse roubo sofressem o constrangimento da devolução, especialmente por ser incerto o destino do dinheiro, rastrear seria a cereja do bolo, malas e malas em voos internacionais sem alfândega nada dirão, logo, quem pagará a conta?

Por outro lado, não é democrático judicializar uma decisão constitucional de plenário da Câmara Federal com escopo de oficializar uma vontade judicial.

A decisão do plenário da Câmara, por constitucional, é soberana, irrecorrível e não cabe exame judicial para deliberação, pelo menos numa democracia, o que ocorre no Brasil é uma aberração ditatorial.

Se levada a cabo, será mais uma decisão inconstitucional, tornada legal por vontade suprema de quem não tem mandato para tal, portanto sem valor democrático, característica dos regimes de exceção

Habemus Papam!

Paz & Luz

Marcius Túlio é coronel da Polícia Militar de Minas Gerais

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