Andressa Massiero, psicóloga, que escreve nesta edição da coluna Saúde em Evidência. Foto: Divulgação
Dr. Francis Silveira, em evidência na psiquiatria clínica e também com a psiquiatria forense.
Gustavo Mariano, dono da Franquia de Seguros PRUDENTIAL, especializada para atender de profissionais de Saúde, conquistou o reconhecimento em 2º lugar em todo Brasil pelo trabalho que tem realizado em nossa região.
Mediadores do Grupo de Apoio a Enlutados por Suicídio de Governador Valadares (GASS/GV): jornalista Valéria Alves, psiquiatra Pedro Colen e as psicólogas Marcela Resende e Samara Nick.
Equipe das UTI’s do Hospital Bom Samaritano, o Hospital do Câncer de Governador Valadares e Região, apoiando a campanha do Outubro Rosa
Psicólogo Leonardo Vieira, o autor desta coluna
Narcisismo: o ciclo da manipulação e seus impactos emocionais
Por Andressa Masiero, psicóloga
Nos últimos anos, a palavra “narcisismo” passou a circular com frequência nas redes sociais, nas conversas cotidianas e até em manchetes. Mas, por trás da banalização do termo, existe uma realidade clínica séria: o transtorno de personalidade narcisista. Caracterizado pela necessidade constante de admiração, pela ausência de empatia e por relações pautadas no controle, esse transtorno deixa marcas profundas na vida daqueles que convivem de perto com ele.
Um dos pontos centrais a compreender é o chamado ciclo da manipulação, que se repete de forma previsível em relacionamentos com indivíduos narcisistas. Esse ciclo costuma seguir três fases principais:
1. Idealização
O início é marcado pelo encantamento. O narcisista se mostra atencioso, sedutor e envolvente. A vítima sente-se única e valorizada, como se finalmente tivesse encontrado alguém que a compreende por inteiro. Esse é o momento em que o vínculo se fortalece e a dependência emocional começa a ser construída.
2. Desvalorização
Com o tempo, a admiração inicial dá lugar a críticas, cobranças e comentários que minam a autoestima. A vítima passa a se sentir insuficiente, fragilizada e, muitas vezes, culpada. É nesse ponto que surgem sintomas emocionais como ansiedade, tristeza e perda da autoconfiança.
3. Descarte
Quando o narcisista já não encontra mais a utilidade desejada ou quando busca uma nova fonte de suprimento emocional, acontece o descarte. A saída costuma ser brusca, fria e dolorosa, deixando a vítima confusa, culpada e com a sensação de vazio.
Consequências emocionais
Esse ciclo gera impactos que vão além do relacionamento em si. Muitas pessoas desenvolvem sintomas de depressão, ansiedade, síndrome do pânico e dificuldade em estabelecer novos vínculos afetivos. O mais grave é que a vítima, ao internalizar as críticas e manipulações, perde a referência de quem realmente é.
Caminhos para o resgate
Falar sobre narcisismo é também falar sobre reconstrução do amor-próprio. É preciso compreender que o processo de cura não acontece de forma imediata, mas é possível com apoio adequado. A psicoterapia oferece ferramentas para ressignificar a experiência, resgatar a autoestima e estabelecer limites saudáveis.
É igualmente importante destacar que nem toda pessoa vaidosa ou autoconfiante é narcisista. O narcisismo clínico vai muito além disso: envolve manipulação, frieza emocional e exploração do outro. Reconhecer essa diferença é essencial para não banalizar o termo e para oferecer acolhimento real a quem sofre nesse tipo de relação.
Conclusão
Romper o ciclo da manipulação é um ato de coragem. É a chance de reconstruir-se e redescobrir o próprio valor. Trazer esse debate para o meio clínico e social é fundamental para que mais pessoas reconheçam sinais de abuso emocional, busquem ajuda e possam reescrever sua história com base em relacionamentos saudáveis e em um amor-próprio fortalecido.
