por Marcius Túlio
O termo em Latim, atribuído a Flavius Vegetius, escritor romano do século lV, que em português diz “Se queres a paz prepara-te para a guerra”, traduz um provérbio imortalizado pela História da beligerante raça humana e é usualmente lembrada por gerações e gerações para expressar a necessidade premente de vigilância constante.
Convertido ao Cristianismo, provavelmente o escritor romano tenha se expressado de uma forma mais terrena sobre um dos ensinamentos mais profundos do Rabi da Galileia, “Vigiai e Orai”, cujo significado espiritual versa sobre não cair em tentação.
De minha parte, entrego a versão ll sobre o tema, que já abordei aqui para mencionar o perigo de se desarmar a população em tempos de paz.
Em plena sinistra expectativa de mais um conflito de proporções inimagináveis, meu “bis in idem” no tema vai um pouco além das intenções primárias de outrora, para enfocar acontecimentos ululantes que trazem arrepios tenebrosos à humanidade.
Chega ser constrangedor o fato de que alguém, com um mínimo de discernimento cognitivo e/ou moral acredite que a raça humana paute a paz promovendo-a incondicionalmente em pleno estágio evolutivo em que se encontra na escalada universal infinita.
Li em algum lugar e adotei como lema pessoal que ”A paz não é um estado passivo, mas algo que deve ser construído e protegido”, logo, simplesmente permanecer em paz não é o bastante.
Em outras palavras, é necessário que se construa os próprios escudos e que os mantenha rígidos e ativos, “Orai e Vigiai”, sem os quais, é apenas um alvo imóvel, fácil, que será vilipendiado exaustivamente.
Os EUA, por exemplo, apesar de toda sua arrogância institucional, dá mostras de sua eficácia nesse sentido ao empenhar “zilhões” de dólares em sua defesa e segurança, fazendo daquele país uma potência, até o presente momento insuperável, em todos os sentidos.
Demonstrando um poderio bélico descomunal, o Tio Sam se antecipa aos seus pretensos ou virtuais agressores com precisão e pontualidade, se impondo política e diplomaticamente, independente do viés político vigente no país.
Trata-se de um país que potencializa a política de Estado e não de governo, que defende a qualquer custo os interesses da nação, seu bem estar e sua segurança, o que, certamente os elevam ao topo.
Qualquer Nação que pretenda se estabelecer como país necessita de postura firme, que defenda seu território, que fortaleça sua economia, que proteja e valorize seus recursos naturais e, principalmente prestigie seu povo, somente a partir daí conseguirá se destacar internacionalmente como símbolo de respeito e brio.
Curvando-se a interesses transitórios e alternativos de governos, se submeterá a vaidades pessoais e ideológicas, se tornando mero coadjuvante e mera fonte de recursos naturais e humanos, a serviço de quem pagar mais, uma reles prateleiras de talentos.
Sem segurança jurídica, sem instituições firmes e sérias, sem Forças Armadas impactantes e destemidas, sem economia estável, sem unidade nacional, sem proteção eficaz de suas fronteiras, sem critérios ocupacionais, enfim, sem uma política de Estado, um país se torna um território baldio, sem dono, onde qualquer um faz o que bem quer, a qualquer hora.
Estruturando-se, estabelecendo políticas de Estado em atendimento aos interesses e vocação de seu povo, esse país estará construindo a paz e preparado para protege-la incontinente, sempre priorizando seu principal patrimônio, o seu povo.
A desordem, a desarmonia e o desrespeito aos direitos fundamentais favorecem ao caos, território fértil para os oportunistas e para os interesses estranhos aos da sua população, tornando-a subserviente, acovardada pelas “chibatas” estrangeiras e dependentes das migalhas inebriantes.
Enquanto se postar na passividade e na obsolência de suas políticas retrógradas estará entregue aos caprichos dos poderosos, destinado ao muro das lamentações e aos experimentos científicos esdrúxulos, crivado de rótulos maledicentes e escarniado repetidamente no banquete da racionalidade, sem ao menos ser razoável.
De pacífico a passivo, o rei continuará nu.
Paz e Luz.
Marcius Túlio é Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais