Quem perdeu o prazo, atenção, porque as inscrições para o Concurso de Histórias do Curta Vitória a Minas IV foram prorrogadas até 30 de setembro. Nas três primeiras edições do projeto, 35 moradores de cidades capixabas e mineiras desenvolvidas ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas realizaram o sonho de fazer um filme depois de terem histórias selecionadas para o concurso. Agora pode ser a sua vez! Acesse www.curtavitoriaaminas.com.br.
Para se inscrever, o autor ou autora deve ter acima de 18 anos e morar em um destes 26 municípios: Santa Leopoldina, Fundão, Ibiraçu, João Neiva, Colatina e Baixo Guandu, no Espírito Santo, e Aimorés, Itueta, Resplendor, Conselheiro Pena, Tumiritinga, Governador Valadares, Periquito, Naque, Belo Oriente, Santana do Paraíso, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo, Antônio Dias, João Monlevade, Nova Era, Bela Vista de Minas, Rio Piracicaba, Santa Bárbara e Catas Altas, em Minas Gerais.
Desde a sua primeira edição, lançada em 2014, o Curta Vitória a Minas produziu 35 ficções e documentários com roteiro, direção e produção de mineiros e capixabas de diferentes idades e profissões. A lista de selecionados inclui professores, funcionários públicos, aposentados, estudantes, produtores culturais, agente de saúde, auxiliar de serviços gerais, músico, gestor ambiental, agente de desenvolvimento rural, maçariqueiro, carpinteiro, policial, comunicadores, catadora de material reciclável, artesã, contadora, vendedor e babá.
Quem participa nunca esquece
Em 2022, durante a segunda edição do projeto, o metalúrgico aposentado Ademir de Sena Moreira, hoje com 67 anos, se inspirou em suas próprias memórias para escrever a história “Holerite”, ambientada nos anos 70, no município de Naque. Segundo de sete filhos da professora Naná e do lavrador Nenêgo, Ademir construía os próprios brinquedos, estudava e buscava um jeito de arrumar uns trocados pra ajudar no sustento da família de origem simples e poucos recursos financeiros. Vendeu sorvete na rua, plantou capim nas fazendas, engraxou sapato em porta de boteco, engordou galinha pra vender e buscou laranja nos sítios para comercializar de casa em casa.
O menino acompanhou as mudanças na ferrovia trazidas pelo progresso, viu a remodelação dos trajetos, a retirada das curvas pra diminuir as distâncias e os custos e a duplicação dos trilhos. Uma das obras foi a construção da canaleta às margens da linha férrea para escoar a água que descia do morro direcionando-a para o Rio Doce. Ele e o irmão Tuca montaram um pequeno negócio para aproveitar a vinda dos trabalhadores para o empreendimento. Os dois acordavam cedo, compravam pão na padaria, pegavam o caminhão junto com os trabalhadores e partiam para o canteiro a fim de vender pão com manteiga.
“A gente acabava a venda, fazia uma hora, ouvia uns causos e voltava a pé pela rodovia pra casa. Algumas vezes, conseguíamos uma carona. Outras vezes, o caminhão que levava a turma ia buscar água cerca de 14 quilômetros, no Periquito. Íamos junto pra esticar as pernas, esticar a brincadeira um pouco mais, naquela coisa de viajar, até pra conhecer outros lugares, e pra ajudar a pegar água num bicão de uma farinheira. Ficávamos todos satisfeitos!”, lembra Ademir que, na época, tinha 14 anos, e hoje, tem sua história de aventuras e desventuras contada em um curta-metragem através do projeto.
Em 2023, na terceira edição do concurso, a professora Márcia Cristina Cândido Cruz, de Conselheiro Pena, foi selecionada com a história “Um Rio de Histórias”. Quando era pequena, ela amava ouvir histórias antes de dormir. Sua mãe Marli Cardoso Cândido lhe contava os causos ouvidos do pai dela, Geraldo Cardoso, um conhecido e respeitado mecânico de carros pesados em Conselheiro Pena, nascido num tempo em que o lugar ainda se chamava Lajão por causa da grande laje de pedra às margens do Rio Doce. Vô Geraldo também gostava de caçar e de pescar e costumava reunir no quintal de casa em noite de lua e estrelas a esposa Delvina Gomes Cardoso, a Vó Delva, os 8 filhos biológicos e 05 adotivos para contar os causos fantásticos colhidos nas aventuras.
Por meio do projeto, Márcia celebrou o amor da família pela contação de histórias e aprendeu noções básicas sobre a arte e a técnica cinematográfica para resgatar, registrar e compartilhar as histórias, em especial, aquelas guardadas e contadas pelos antepassados.
“O curta trata do aconchego familiar das rodas de histórias que, infelizmente, ficaram esquecidas no passado, e ressalta a importância da celebração destas memórias para a construção de um futuro com relações familiares mais próximas e fortes”, destaca a professora.
Como se inscrever?
A pessoa pode enviar quantas histórias quiser, reais ou inventadas, com até 5 páginas cada uma, porém, apenas uma delas poderá ser selecionada. A temática é livre e não precisa ser relacionada à Estrada de Ferro. Pode ser um romance, uma comédia, uma aventura, um drama, uma lenda, um causo sobrenatural, um suspense, algo nascido da imaginação ou baseado em um acontecimento real, ou ainda uma memória de família. Cada história deverá ter um(a) único(a) autor(a). E não precisa ter experiência anterior na área audiovisual para se inscrever. Serão escolhidas as sete melhores histórias com base em critérios como a originalidade e o interesse gerado pela temática.
Depois de conferir o regulamento, o (a) autor (a) deve preencher o formulário de inscrição, anexar a história e cópia dos documentos (CPF, RG e comprovante de residência), via online, ou enviar em um mesmo envelope o formulário preenchido e assinado, cópia do RG, CPF e comprovante de residência através dos Correios para o endereço: Projeto Curta Vitória a Minas IV – Instituto Marlin Azul - Rua Oscar Rodrigues de Oliveira, nº 570 – Jardim da Penha - Vitória (ES) - CEP: 29.060-720.
O Curta Vitória a Minas IV quer possibilitar aos moradores das cidades que se desenvolveram ao longo da Estrada de Ferro Vitória a Minas a oportunidade de contar histórias e transformar em filme, registrando as memórias, os costumes, os hábitos, as lendas e as peculiaridades destas localidades, contribuindo para o fortalecimento territorial e comunitário. O projeto é patrocinado pelo Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com a realização do Instituto Marlin Azul, Ministério da Cultura/Governo Federal.
O que acontece com as histórias e seus autores
Os sete selecionados se juntarão a profissionais do cinema e da televisão durante uma imersão de 15 dias para aprender como transformar sua história em filme. Serão aulas expositivas e práticas de roteiro, direção, produção, direção de fotografia, som, direção de arte, edição, finalização, mobilização comunitária e direito autoral.
Após o curso de formação, cada autor (a) voltará para a cidade de origem para organizar a pré-produção das gravações dos filmes, envolvendo a comunidade. Com tudo pronto para gravar, os autores contarão com o suporte de equipamentos de captação de imagens e de som, a orientação e a participação de uma equipe de profissionais audiovisuais, além do envolvimento de moradores em funções técnicas, artísticas e de apoio.
Na etapa da montagem, os autores vão contar com editores e finalizadores de imagem e som. Depois que as histórias virarem filmes, é hora de exibir as ficções e documentários numa telona montada em ruas e praças das cidades durante sessões abertas e gratuitas. As obras seguirão ainda para a etapa de inscrições em mostras e festivais de cinema e, ao final deste processo, serão publicadas no site do projeto (curtavitoriaaminas.com.br) para multiplicar de forma continuada o acesso aos conteúdos por novos públicos.
Conheça o histórico do projeto
A primeira edição do Curta Vitória a Minas foi lançada em 2014 e resultou na produção das obras: “Vovó, o Trem e Eu”, de Eloisa Ribeiro, de Fundão (ES); “O Segredo de Giuzzeppe”, de Nilma Scarpati, de Ibiraçu (ES); “A Seta do Galo, o Terrível”, de Sandra Mazzega, de João Neiva (ES); “O Som do Silêncio”, de Juliana Brêda, de Colatina (ES); “O Trem do Amor”, de Vanda Berger, de Baixo Guandu (ES);“Estranha Criatura”, de Rosângela Iglesias Pereira, de Aimorés (MG); “Os Primos do Mundo”, de Leonardo Bernardino, de Resplendor (MG); “Deslizando nos Trilhos”, de Ely Moreira da Costa, de Conselheiro Pena (MG); “O Mistério do Caboclo”, de Denilson Patrício, de Tumiritinga (MG); “Contos Ferroviários”, de Everton Villaron de Souza, de Governador Valadares (MG); “Expedição Rio Doce”, de Vitor Augusto de Oliveira, de Periquito (MG); “Recortes”, de Sebastião Nascimento, de Belo Oriente (MG); “Memórias de um Casarão”, de Josias Rodrigues Figueiredo, de Antônio Dias (MG); “Triste Sina, Triste Cena”, de Maria Lenice de Oliveira Sá, de Santana do Paraíso (MG) e “A Carta”, de Márcio Firmo, de Nova Era (MG).
Lançada em 2022, a segunda edição culminou na realização dos curtas-metragens: “Reciclando Vidas e Sonhos”, de Ana Paula Imberti, de Ibiraçu (ES); “O T-Rex e a Pedra Lascada”, de Luan Ériclis Damázio, de João Neiva (ES); “O Último Trem”, de Fabrício Bertoni, e “Colatina, a Princesa do Rock”, de Nilo Tardin, ambos de Colatina (ES); “Um Ponto Rotineiro”, de Jaslinne Pyetra, de Baixo Guandu (ES); “Lia, Entre o Rio e a Ferrovia”, de Elisângela Bello, de Aimorés (MG); “Santa Cruz”, de Rita Bordone, de Ipatinga (MG); “Um Olhar para a Maternidade”, de Patrícia Araújo, de Coronel Fabriciano (MG); “Holerite”, de Ademir de Sena, de Naque (MG); e “Bicicleta Envenenada”, de Luciene Crepalde, de Nova Era (MG).
O ano de 2023 abriu caminho para o lançamento da terceira edição do projeto. Os curtas-metragens produzidos desta vez foram: “As Cercas”, de Otávio Luiz Gusso Maioli, de Ibiraçu (ES); “A Casa Sinistra”, de Marisa de Almeida Silva, de Colatina (ES); “Um Rio de Histórias”, de Márcia Cristina Cândido Cruz, de Conselheiro Pena (MG); “Escasso”, de Pedro Vinícius Siqueira Batista, de Governador Valadares (MG); “A Velha do Rio”, de Levi Braga de Souza, de Governador Valadares (MG); “Boi Balaio”, de Mauro dos Santos Júnior, de Belo Oriente (MG); “O Pássaro”, de Luzia de Resende Mendes, de Ipatinga (MG); “Mundaréu”, de Ana Paula Gonçalves Pires, de Coronel Fabriciano (MG); “Revelações de Carnaval", de Sandra Maura Coelho, de Nova Era (MG); e "Me Disseram que Sou Negra", de Alexsandra Mara Felipe Fernandes, de João Monlevade (MG). Os filmes da primeira e da segunda edições podem ser vistos através do site curtavitoriaaminas.com.br.
SERVIÇO
Concurso de Histórias que Viram Filmes do Curta Vitória a Minas IV
Inscrições: Prorrogadas até 30 de setembro de 2025
Como se inscrever: www.curtavitoriaaminas.com.br
Quem pode participar: Moradores acima de 18 anos de: Santa Leopoldina (ES), Fundão (ES), Ibiraçu (ES), João Neiva (ES), Colatina (ES), Baixo Guandu (ES), Aimorés (MG), Itueta (MG), Resplendor (MG), Conselheiro Pena (MG), Tumiritinga (MG), Governador Valadares (MG), Periquito (MG), Belo Oriente (MG), Naque (MG), Santana do Paraíso (MG), Ipatinga (MG), Coronel Fabriciano (MG), Timóteo (MG), Antônio Dias (MG), João Monlevade (MG), Nova Era (MG), Bela Vista de Minas (MG), Rio Piracicaba (MG), Santa Bárbara (MG) e Catas Altas (MG).
Como esclarecer dúvidas: através do email: producao@curtavitoriaaminas.com.br e do telefone (27) 99872-3521.
Mais informações
Simony Leite Siqueira
Assessoria de Comunicação do Instituto Marlin Azul
Telefone: (27) 99695-7093 | 3327-6999
E-mail: imprensa@imazul.org
Site Curta Vitória a Minas: www.curtavitoriaaminas.com.br
Site IMA: www.institutomarlinazul.org.br
Redes sociais: @institutomarlinazul
Vitória, 16 de setembro de 2025.



Fotos: Divulgação





