por Tohru Valadares
Caríssimo ledor(a) no dia 26 de outubro, celebramos o Dia da Igualdade Feminina, uma data que nos convida à reflexão sobre a dignidade, o respeito e o valor da mulher na sociedade. No contexto religioso, é impossível falar de igualdade sem recordar o papel de Jesus Cristo, que, em meio a uma cultura profundamente patriarcal, rompeu paradigmas e elevou o valor das mulheres, devolvendo-lhes o direito de serem vistas, ouvidas e amadas como filhas de Deus.
Na época de Cristo, mulheres e crianças não eram sequer contadas em censos ou assembleias. Eram tratadas como extensão da família, sem voz própria. No entanto, Jesus as enxergou com o olhar da igualdade divina o mesmo olhar que vê em cada ser humano a imagem e semelhança do Criador.
Enquanto a sociedade excluía, Jesus inseria as mulheres em seu ministério. Ele as acolheu como discípulas, curou-as em público, dialogou com elas e lhes deu o direito à palavra e à fé, é bom lembrar, o quão foi importante esse olhar e atitude de cristo para que, as mulheres tivessem um lugar igualitário na sociedade em que viviam e i reflexo no momento em que vivemos.
A mulher samaritana (João 4,7-30): Jesus quebra barreiras étnicas, culturais e religiosas ao conversar com uma mulher, estrangeira e marginalizada. Ele a trata como interlocutora digna da verdade e faz dela uma evangelizadora “Muitos samaritanos daquela cidade creram nele por causa da palavra da mulher” (Jo 4,39).
Maria de Betânia (Lucas 10,38-42): sentada aos pés do Mestre, lugar reservado aos discípulos homens, Maria é elogiada por escolher “a melhor parte”. Cristo valida seu direito de aprender e crescer espiritualmente, um gesto revolucionário para aquele tempo.
A mulher adúltera (João 8,1-11): enquanto a sociedade queria apedrejá-la, Jesus a defende e proclama a misericórdia: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.” Ao fazê-lo, ele restaura a dignidade daquela mulher, mostrando que o julgamento pertence a Deus, e não ao preconceito humano.
No maior acontecimento da fé cristã, as mulheres foram as primeiras a testemunhar a ressurreição de Cristo, e assim, dar o testemunho, embora não seja destacado a real importância e o tamanho da quebra de paradigmas tal atitude trouxe.
“Ele não está aqui, ressuscitou!” (Lucas 24,6) essas palavras foram anunciadas a Maria Madalena e às outras mulheres, que se tornaram as primeiras mensageiras da Boa Nova.
Em uma sociedade em que o testemunho feminino não tinha valor legal, Jesus escolhe mulheres para anunciar a vitória sobre a morte. Isso não é acaso: é uma declaração divina de igualdade espiritual e missionária.
Desde o início da criação, a Bíblia revela o plano de Deus para a igualdade: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gênesis 1,27), em momento algum foi dado mais destaque ao homem e nem a mulher, isso mostra o quanto o criador equiparou suas criações, não é prudente destacar quem veio primeiro ou que é melhor, a sabedoria está na equiparação e justa importância aos dois seres criados para completar-se em si.
Homem e mulher foram feitos com a mesma essência divina, complementares e igualmente dignos. Cristo, ao longo de seu ministério, restaurou esse equilíbrio original, lembrando à humanidade que a verdadeira autoridade vem do amor, e não da dominação.
São Paulo também confirma essa verdade ao escrever: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 3,28) Essa passagem mostra que, diante de Deus, as distinções sociais e de gênero perdem o peso, pois a fé nivela todos na mesma graça e dignidade.
O legado de Cristo impulsionou séculos depois a luta por direitos, reconhecimento e valorização da mulher dentro e fora da Igreja. Hoje, mulheres exercem papéis fundamentais na evangelização, na educação, na ciência e na liderança comunitária frutos de um Evangelho que começou dando voz àquelas que ninguém ouvia.
Assim, celebrar o Dia da Igualdade Feminina é também reconhecer que a raiz dessa igualdade está no Evangelho, na ação libertadora de Jesus e no amor incondicional de Deus por todos os seus filhos e filhas.
A fé cristã não pode ser separada da justiça e da dignidade humana. Cristo nos mostrou que a verdadeira grandeza está no serviço, e a verdadeira igualdade está no amor.
Que neste 26 de outubro, ao celebrar o Dia da Igualdade Feminina, possamos renovar o compromisso de ver, ouvir e valorizar as mulheres como Jesus o fez com respeito, fé e compaixão. “Mulher, a tua fé te salvou. Vai em paz.” (Lucas 7,50), para representar o dia, em especial, minha mãe Suely Valadares, esposa Renata Guerrieri, Irmã Odhara Valadares, amiga Gí Xavier(ABRASEL), Laila, Mayara, Joice, Dona Graça (rua 21 santos Dumont). Paz&Bem.
TOHRU VALADARES bacharel em Teologia, Filosofia, Licenciado em Ciências da Religião, Psicólogo, Pós-graduado em conselhamento Cristão e Capelania, mediação de conflitos, filosofia Religiosa e ecopedagogia.





