por Tohru Valadares
Caríssimo ledor(a), no dia 7 de dezembro comemoramos o dia da Assistência Social, uma das áreas mais sensíveis e necessárias para a dignidade humana: o cuidado com quem mais precisa. Além da atuação profissional, o tema tem raízes profundas na fé cristã, pois a assistência social, antes de ser política pública, foi prática cotidiana de Jesus Cristo, cuja vida e ministério deram origem à maior obra de cuidado humano da história.
Desde o início da missão de Jesus, a assistência ao necessitado era mais que compaixão era projeto divino. Ele caminhou por cidades e aldeias levando cura, alimento, acolhimento e esperança. A assistência social, na dimensão cristã, nasce exatamente dessa combinação: agir, servir e restaurar.
Os Evangelhos registram diversas passagens que mostram o Cristo como agente de transformação humana e social. Em Mateus 14:13-21, Ele alimenta multidões famintas, mostrando que a fé se expressa também no cuidado do corpo. Em Lucas 4:18-19, define sua missão: “anunciar boas-novas aos pobres… libertar os oprimidos”, revelando que a espiritualidade cristã inclui justiça, misericórdia e libertação. Já em Mateus 25:35-40, Jesus afirma que cada gesto de cuidado dado aos mais frágeis é, na verdade, oferecido ao próprio Cristo.
Ao tocar e curar um leproso em Marcos 1:40-45, Jesus não apenas realiza um milagre, mas quebra barreiras sociais, devolvendo dignidade a alguém excluído. Esses gestos formam o alicerce da assistência social cristã moderna, que permanece ativa em igrejas, grupos voluntários e instituições que seguem o modelo do Mestre.
Entre suas narrativas, nenhuma traduz melhor o espírito da assistência social do que a Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37). O samaritano não questiona quem é o ferido, não exige conformidade religiosa, nem busca mérito: simplesmente cuida.
A Parábola do Bom Samaritano é uma das mais fortes expressões da assistência social dentro do Evangelho. Jesus conta a história de um homem que é assaltado e deixado quase morto à beira da estrada. Dois personagens religiosos um sacerdote e um levita passam pelo local, veem o ferido e seguem adiante, ignorando sua dor.
Em contraste, um samaritano, considerado inimigo cultural e religioso dos judeus, é quem se compadece. Ele se aproxima, cuida das feridas, coloca o homem em seu animal, leva-o a uma hospedaria, paga suas despesas e ainda se responsabiliza por sua recuperação.
Dentro dos aspectos da assistência social, a parábola ensina que: A verdadeira ajuda nasce da compaixão, não da obrigação.
A ação social não deve fazer distinção de raça, religião, moral ou condição social: ajuda-se porque o outro é humano.
Assistir é agir, não apenas sentir pena: o samaritano toca, carrega, investe e acompanha.
O cuidado é integral, envolvendo corpo, dignidade e continuidade.
O próximo não é quem se parece comigo, mas quem precisa de mim.
A assistência social cristã não seleciona “merecedores”, mas oferece acolhimento a todos.
Assim, Jesus ensina que a assistência social é expressão concreta do amor ao próximo.
Bom Samaritano representa o modelo de serviço humano e cristão que ultrapassa preconceitos e transforma vidas por meio do cuidado.
Ao percorrer vilas, cidades e desertos, Jesus não apenas pregou; Ele cuidou. Aliviou dores, restaurou vidas, multiplicou alimentos, devolveu dignidade aos marginalizados e ofereceu acolhimento aos esquecidos pela sociedade. Sua missão sempre foi profundamente humana, especialmente voltada aos pobres, doentes e excluídos.
Jesus acolheu a todos do publicano Zaqueu à mulher adúltera, do paralítico ao ladrão arrependido. Ele ofereceu perdão, escuta e presença, mas nunca confundiu acolhimento com aprovação integral. No episódio da mulher adúltera (João 8:11), Ele a salva da condenação e depois orienta: “Vai e não peques mais”. Em Mateus 9:12, diz que veio para os doentes os que precisam de cuidado, direção e transformação.
Essa é a base do atendimento cristão até hoje:
Acolher a pessoa, independentemente de seus caminhos e pensamentos;
Respeitar sua dignidade, ainda que ela não abrace a integralidade dos ensinamentos cristãos;
Oferecer cuidado e apoio, sem abrir mão dos valores do Evangelho; Amar o ser humano, mas rejeitar o pecado que o aprisiona e destrói. A assistência social cristã é, portanto, inclusiva no amor, mas firme na verdade. Quando a fé vira serviço: hoje e sempre
Nos dias atuais, profissionais da assistência social e agentes cristãos seguem os passos de Cristo quando: amparam famílias vulneráveis, alimentam quem tem fome, escutam quem sofre, ajudam na reinserção social, defendem direitos e dignidade, e oferecem esperança a quem perdeu o chão.
Essas ações, unidas ao trabalho dos órgãos públicos, reafirmam que a verdadeira assistência social é continuidade do Evangelho vivido na prática.
O Dia da Assistência Social não é apenas uma data de reconhecimento, mas um convite para lembrarmos que o cuidado é parte essencial da fé cristã. Cristo ensinou que amar o próximo é ato de vida, não apenas de discurso.
E Sua mensagem continua ecoando:
“O que fizerdes ao menor dos meus irmãos, a mim o fazeis.” (Mateus 25:40)
Que esse dia inspire mais serviço, mais compaixão e mais humanidade, pois a assistência social cristã continua aberta a todos os que buscam acolhimento inclusive aqueles que ainda não estão prontos para viver a fé na sua totalidade. O amor continua sendo o maior agente de transformação do mundo. Paz&Bem.
TOHRU VALADARES bacharel em Teologia, Filosofia, Licenciado em Ciências da Religião, Psicólogo, Pós-graduado em conselhamento Cristão e Capelania, mediação de conflitos, filosofia Religiosa e ecopedagogia.





