O domingo foi de muita brincadeira e interação para cerca de 32 crianças e adolescentes com transtornos do neurodesenvolvimento. Acompanhadas de seus familiares, elas participaram de uma atividade promovida pelo ‘Kinder’, programa de extensão do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV), no último dia 25 no Parque Natural Municipal.
A programação incluiu desafios cooperativos, educação ambiental e conscientização sobre a coleta seletiva, além de um piquenique. De acordo com Simara Ribeiro, professora do Departamento de Educação Física e coordenadora do programa, tudo foi pensado para “promover o fortalecimento de vínculos afetivos e a integração entre as famílias.”
Estudantes e professores do campus atuaram na atividade do programa. (Imagem: Divulgação/Kinder)
O professor Rubian Andrade, do Departamento de Educação Física, foi um dos colaboradores, e explica a importância da atividade.
“Sabemos o quanto o acesso ao lazer pode ser desafiador para famílias de crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. Muitas vezes, os ambientes não estão preparados para acolher as particularidades desses filhos, o que acaba afastando-os de momentos de diversão e convívio social. Por isso, iniciativas como a do programa Kinder são essenciais. Elas mostram que é possível criar espaços inclusivos, onde todas as crianças, independentemente de suas condições, possam brincar, interagir e se desenvolver com liberdade e alegria. Além disso, a escolha do Parque Natural Municipal como cenário possibilitou à comunidade a apropriação deste equipamento público de lazer e o contato com a natureza. O encontro foi um sucesso! Vimos crianças se divertindo, famílias trocando experiências e, o mais importante, todos se sentindo pertencentes. Projetos como esse não apenas promovem o lazer, mas também fortalecem a autoestima das crianças e a sensação de acolhimento para as famílias, que muitas vezes se veem excluídas desses momentos”, reforça.
Pelo menos 31 estudantes de Educação Física, Fisioterapia e Medicina da UFJF-GV atuaram na atividade. A Amanda Micale, do curso de Medicina, fala do orgulho em integrar o programa.
“A cada ação que realizamos, cresce em mim a certeza de que esse projeto é algo lindo que estamos criando juntos. Quando uma mãe se emociona ou vem até nós para agradecer, meu coração se enche de alegria, nesse momento sinto que tudo faz sentido. Ver o sorriso sincero das crianças e a gratidão nos olhos dos pais é algo que palavras não conseguem descrever. É como se, por alguns instantes, conseguíssemos aliviar um pouco do peso que tantas famílias carregam. Sinto, de verdade, que estamos fazendo o bem. E isso não tem preço.”
Isabella Rodrigues, também estudante de Medicina do campus, compartilha da mesma sensação de Amanda.
“Fazer parte do Programa Kinder é uma oportunidade de vivenciar momentos como o que tivemos no último domingo. Na sala de aula, aprendemos sobre cuidado, inclusão e sustentabilidade, mas, naquele encontro, vivenciamos muito além disso: a alegria das crianças brincando livremente, a satisfação dos pais ao perceberem que há pessoas que compreendem suas realidades, e o aprendizado compartilhado sobre sustentabilidade e coleta seletiva lado a lado com as crianças. Nós amamos fazer parte dessa iniciativa linda. Para nós, medicina é isso: construir espaços onde todos se sintam pertencentes. Saúde vai muito além do bem-estar físico — envolve também o bem-estar emocional, social e comunitário. Esse encontro simples gerou algo profundo: conexões reais entre famílias, crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, e entre nós estudantes e o nosso propósito. Foi um evento simples, mas cheio de significado. Um momento para lembrar que não estamos sozinhos na construção de um caminho com acolhimento, inclusão e equidade.”
A ação foi um momento de diversão e interação. (Imagem: Divulgação/Kinder)
Iara Nascimento foi um dos familiares presentes na ação.
“O projeto foi algo sensacional para nós, mães atípicas – mães que precisam de um lazer, de uma higiene mental. Encontramos aqui (no encontro) pessoas na mesma situação que nós, então a gente divide informações e experiências. Esse projeto tem trazido para nós não só a saúde mental, mas também a saúde física, porque ficar em casa dói, ficar em casa estressa, e ver os nossos filhos aqui com um sorriso e sendo recebidos por uma equipe tão maravilhosa nos deixa muito feliz. Que vocês façam mais projetos como esse, que vocês trabalhem mais em prol de nós, mães atípicas. Vocês são pessoas capazes de entender o que é inclusão, e inclusão é isso: é diversão, é amor, é carinho e é profissionalismo. Parabéns a cada um de vocês, que fez desse projeto parte de cada família aqui representada. Obrigada a todos!”, agradece.
A atividade do último domingo é apenas uma das muitas desenvolvidas pelo projeto. Mensalmente, o Kinder realiza palestras, de acordo com as demandas das famílias atendidas, além de atividades de lazer trimestrais. A proposta, segundo Simara, é “aproximar a universidade da comunidade, promovendo acessibilidade ao conhecimento científico e contribuindo para a formação prática dos estudantes”.
Para mais informações sobre o ‘Kinder – Rede de Apoio ao Neurodesenvolvimento’, basta seguir o perfil do projeto no Instagram.
Cerca de 32 crianças e adolescentes e seus familiares foram beneficiados pela ação. (Divulgação/Kinder)
