por Sérgio Fonseca
Quando vivemos a esperar que os outros sejam diferentes do que eles são, passamos a viver em eterna frustração e descontentamento.
Mesmo que acreditemos que o outro seria mais feliz se ele fizesse exatamente aquilo que entendemos ser melhor para ele, devemos nos manter em nosso lugar, pois não temos o direito sobre a vida do outro.
Se nós criamos uma expectativa que não condiz com a realidade, somente nós poderemos nos desfazer dela. Nunca será responsabilidade ou culpa do outro, sempre nossa!
Nossas ilusões são da nossa conta, não devemos cobrar uma conta que é nossa e jogá-la nas costas do outro.
“Se você não espera nada de alguém, nunca fica desapontado.” – Sylvia Plath
Todos nós viemos para esse mundo com uma missão, com um propósito, alguns se desviam do próprio caminho para assumir um caminho imposto por outros, isso acontece muito com a relação mãe/pai/filho, as vezes, entre marido/ esposa, mas geralmente, os pais são os maiores criadores de expectativas e os maiores responsáveis pela frustração dos filhos.
O problema é que ninguém pode ser quem nós queremos que eles sejam.
Nossos filhos são seres independentes, foram confiados a nós para que cuidemos e eduquemos, mas nos foi explicado claramente que deveríamos criá-los para que pudessem viver suas próprias vidas de forma independente, do jeito que decidirem, e acharem que devem.
A única maneira de criar filhos fortes é ensiná-los a ter autonomia.
Pais que nunca deixam seus filhos fazerem escolhas, que sempre criticaram as suas atitudes, que acreditam que seus filhos não são capazes de se virar sozinhos, são “pais que afundam”, sim, pais que levam o filho para um buraco chamado “dependência”.
Filhos dependentes são pessoas infelizes, e a infelicidade é um estado permanente na alma desses que vivem a frustração de não conseguirem suprir as altas expectativas de seus pais.
O que seus pais não sabem e não querem enxergar é que eles são muito bons sendo eles mesmos. Eles querem estar confiantes e confortáveis em serem quem são e, se quiserem mudar, mudarão em seus próprios termos - não nos seus.
Qual a solução para esse dilema?
Viver a SUA vida, fazendo o máximo para o SEU próprio desenvolvimento.
Aqueles que vivem a vida, não possuem tempo para se preocupar, porque exige tempo e esforço.
Pessoas que são felizes independente das escolhas do outro, em gral desconhecem a palavra: EXPECTATIVA.
Nem sempre será fácil respeitar o outro viver de acordo com as suas vontades, mas é necessário e imprescindível. A vida do outro é dele, apenas dele.
Geralmente, quem sofre por não ver acolhida sua opinião dentro da vida do outro, são pessoas que acreditam que a vida deveria girar em seu entorno e tem que tem baixo limiar as frustrações (imaturidade emocional).
Essas pessoas precisam entender que nascemos sozinhos, encontramos pessoas pelo caminho, mas morreremos sozinhos, e o que fica, são nossas experiências, nossas relações com a vida e com as pessoas, e aqueles que são privados de ser quem são, para cumprir as expectativas daqueles que dizem saber o que é melhor para eles, tendem a ser sempre as pessoas mais tristes.
Os criadores de expectativas profissionais, depois, ainda afirmam:
“Eu não sei por que meu filho tem depressão, eu sempre fiz tudo pra ele.”
Ou então:
“Eu não sei por que meu marido é agressivo, eu faço tudo pra ele!”
Fazer tudo é o grande erro!
Ninguém precisa que façam tudo para eles . As pessoas precisam se sentir livres para fazerem as suas próprias escolhas, precisam sentir que possuem autonomia e pessoas ao lado que confiam nas suas escolhas de vida. Por tanto, pergunte-se agora se o seu sofrimento atual possui raízes nas expectativas que você criou em relação ao outro.
Se a resposta for sim, você precisa se libertar desta busca irreal de controle emocional e libertar do outro, para daí viver sua vida e realizar com AÇÕES CONCRETAS as SUAS expectativas sobre você mesmo(a).
Sérgio Fonseca é psicoterapeuta