por Jamir Calili
Costumo dedicar minhas colunas dominicais aos temas do desenvolvimento econômico e da nossa cidade. Mas neste domingo, abro espaço para celebrar a maior festa do interior de Minas Gerais: a Expoagro. A cada ano, Governador Valadares se transforma durante a Expoagro, evento que vai muito além de uma simples feira agropecuária. A 57ª edição, conduzida com brilhantismo pelo Dr. Marcelo Teixeira, Presidente da União Ruralista Rio Doce (URRD) e toda sua equipe, encerrada recentemente, reafirmou o papel vital do campo no desenvolvimento econômico, social e cultural do município. Mais do que negócios, a Expoagro é um elo entre o rural e o urbano, um palco de oportunidades e celebração das nossas vocações.
Não há dúvidas da importância da força do agronegócio em nosso país. Essa força se faz sentir nos números: milhões de reais movimentados em negócios envolvendo máquinas, animais, insumos e financiamentos. O Parque de Exposições José Tavares Pereira se tornou o ponto de encontro de produtores, cooperativas, empresas e instituições financeiras, fortalecendo não só a economia local, mas também a regional. O evento é prova de que o agro permanece como um dos setores mais dinâmicos e resilientes, impulsionando empregos, renda e inovação.
A Expoagro, contudo, vai além dos resultados financeiros. O evento é um espaço de convivência, lazer e aprendizado, com atrações musicais que reúnem artistas locais e nacionais, movimentando o turismo e aquecendo o comércio. O ambiente familiar favorece a participação de pessoas de todas as idades, tornando a feira um verdadeiro patrimônio da cidade. Projetos como a Fazendinha, conduzida pela Prefeitura, aproximam crianças e famílias do universo rural, promovendo cidadania e educação ambiental. Já o programa “Agro nas Escolas” leva estudantes da rede pública a conhecerem de perto a cadeia produtiva dos alimentos, valorizando o papel do produtor rural e despertando vocações.
O destaque para a inclusão feminina foi marcante, com o programa Agro Delas e o 3º Encontro Mulheres e o Agro. Produtoras, empreendedoras e líderes rurais participaram de palestras e atividades práticas, fortalecendo o protagonismo das mulheres e mostrando que o futuro do campo é plural e diverso. Isso sem falar de outros eventos paralelos que ocorrem educando as pessoas envolvidas no agro e as mostras que divulgam a tecnologia e os produtos que fazem a diferença no campo.
Dentro desse contexto, vale destacar o papel estratégico da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), o que tenho feito no meu programa semanal de rádio na Rádio Transamerica. A Sudene se mostra estratégica para o agronegócio local. A região, por estar na área de atuação da Sudene, pode
acessar incentivos fiscais, linhas de financiamento e programas de apoio técnico. Empresas do setor podem obter redução de até 75% no imposto de renda ao investir em projetos agroindustriais, enquanto o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) financia iniciativas em irrigação, energia renovável e infraestrutura rural. Nossa cidade já conta com uma agroindústria relevante, especialmente no setor de processamento de alimentos. Esse setor tem muito a ganhar com os benefícios dados, que não se restringem às agroindústrias: fornecedores de insumos e prestadores de serviços também são diretamente favorecidos.
Mais importante ainda é garantir que a agricultura familiar seja incluída nesses benefícios. Com articulação política e técnica, podemos oferecer assistência especializada, crédito e regularização fundiária. Assim, os pequenos produtores têm a chance de sair da subsistência e ingressar no mercado regional. Isso, sem considerar as possibilidades advindas do Plano Safra, promovido pelo governo federal e que tem colocado números recordes de investimentos neste setor.
Para que Valadares amplie seu protagonismo no setor agropecuário e agroindustrial, é fundamental que o poder público invista em políticas integradas. A Prefeitura pode montar equipes técnicas para captação de recursos, apoiar cooperativas e estimular a verticalização da produção, agregando valor aos produtos locais. Parcerias com universidades e o setor privado são essenciais para garantir inovação e sustentabilidade. A própria prefeita precisa ter seus projetos de expansão da infraestrutura urbana que atende esses setores, como as estradas vicinais. A Sudene tem um escopo muito abrangente que pode ser mais bem aproveitado, especialmente para esse setor.
O encerramento da Expoagro é a oportunidade de celebrarmos o agro, sendo o símbolo da interdependência entre campo e cidade, tradição e futuro. E nesta oportunidade refletir sobre o desenvolvimento de nossa cidade e as oportunidades que a Sudene traz para todos. Parabéns a todos que constroem essa história: produtores, expositores, educadores, artistas e, especialmente, os trabalhadores e trabalhadoras do campo, protagonistas de uma trajetória de esperança e trabalho sólido. Que venha a próxima Expoagro!
Jamir Calili, professor da UFJF, vereador, membro da Academia Valadarense de Letras, na cadeira de Machado de Assis.
