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domingo, 2 novembro, 2025

Finados: Memória, Esperança e Fé na Vida Eterna

Leia a coluna desta semana de Tohru Valadares
Dia de Finados. Foto: Freepik

por Tohru Valadares

Caríssimo ledor(a), o dia 2 de novembro, conhecido no calendário cristão como Dia de Finados, é uma das datas mais profundas e comoventes da tradição religiosa. Nessa ocasião, os fiéis se reúnem em oração e lembrança dos entes queridos que já partiram, reafirmando a crença na vida após a morte e na ressurreição prometida por Cristo.

A origem dessa celebração remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Nos tempos antigos, os seguidores de Jesus já tinham o costume de rezar pelos falecidos, especialmente pelos mártires que haviam entregado a vida pela fé.

Porém, foi no século XI que o abade Odilon de Cluny, na França, oficializou o 2 de novembro como um dia específico para lembrar todos os mortos. Desde então, a data se espalhou por toda a Igreja Católica, tornando-se um momento de oração, reflexão e esperança.

Para a fé cristã, a morte não é o fim, mas uma passagem. O próprio Jesus nos ensina: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá.” — João 11:25

A morte, segundo o Evangelho, não é uma derrota, mas o início da vida plena junto de Deus. A Igreja recorda que “os que dormem no Senhor” aguardam a ressurreição final (1 Tessalonicenses 4:13-14). Por isso, o Dia de Finados é mais do que luto; é esperança viva.

Nesse dia, as famílias visitam os cemitérios não como quem se despede, mas como quem reafirma a certeza de reencontro. As flores, as velas e as orações são símbolos de luz, amor e fé. Elas recordam que, assim como a chama da vela, a alma humana continua viva diante de Deus.

O sofrimento pela perda é humano e natural. Jesus, ao perder Lázaro, também chorou (João 11:35). Esse breve versículo é um dos mais tocantes de toda a Escritura, pois mostra que o Filho de Deus não foi indiferente à dor humana. Mas logo depois, Ele devolve a vida ao amigo um gesto que simboliza a vitória sobre a morte.

Assim, o cristão é convidado a viver o luto com fé: chorar, mas confiar; sofrer, mas crer que há um sentido maior. Como diz o Livro da Sabedoria: “As almas dos justos estão nas mãos de Deus, e nenhum tormento os atingirá.” Sabedoria 3:1 Essa certeza consola o coração: nossos entes queridos não desapareceram apenas mudaram de morada.

A Igreja Católica ensina que devemos rezar pelos mortos como um ato de amor e intercessão. Não é adoração pois só Deus é digno de adoração, mas reverência e lembrança.

As orações pelos falecidos expressam caridade espiritual, conforme o livro de 2 Macabeus 12:44-46, onde se lê que “orar pelos mortos é uma ação santa e piedosa.”

Os cristãos são chamados a manter a memória dos que se foram com respeito, gratidão e fé. Ir ao cemitério, acender uma vela ou participar de uma missa não é idolatria, mas um gesto de comunhão um elo que ultrapassa o tempo e a morte.

O Dia de Finados, portanto, é um testemunho de esperança. Cristo venceu a morte e prometeu o mesmo destino aos que creem n’Ele: “Na casa de meu Pai há muitas moradas... Vou preparar um lugar para vocês.” — João 14:2

Essa promessa é o coração da fé cristã. Mesmo diante das perdas, o cristão é convidado a olhar para o alto e dizer como São Paulo: “Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro.” — Filipenses 1:21

A fé não apaga a saudade, mas transforma a dor em esperança. O Dia de Finados não celebra o fim, mas a continuidade da vida. Recordamos com ternura os que partiram, acreditando que estão vivos em Deus, à espera da plenitude da eternidade.

O dia de Finados não é um dia de tristeza sem fim, mas de amor que permanece vivo. Cada lembrança é uma semente de fé plantada no coração. Aqueles que partiram deixaram marcas profundas e essas marcas são o testemunho de que o amor não morre, apenas se transforma.

A dor da saudade pode apertar, mas Deus nos acolhe em seu consolo. Jesus disse: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” — Mateus 5:4

Essa promessa é o alicerce da esperança cristã. Mesmo quando as lágrimas insistem em cair, há consolo em Cristo. Ele enxuga o pranto de quem crê e transforma a ausência em presença espiritual.

Aos que visitarão o cemitério neste dia, que cada flor depositada e cada vela acesa seja um gesto de gratidão e amor, e não de desespero. Que a oração feita junto à lembrança dos entes queridos seja uma ponte entre o céu e a terra.

E àqueles que, por qualquer motivo, não poderão sair de casa, saibam: Deus ouve a oração feita em qualquer lugar. Uma prece silenciosa diante de uma foto, uma vela acesa com fé ou uma simples lembrança dita em voz baixa têm o mesmo valor diante do Senhor. O amor que liga os corações não conhece distância nem ausência.

Hoje é dia de transformar a saudade em esperança e o silêncio em oração. “A morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória?” — 1 Coríntios 15:54

Que este 2 de novembro seja vivido com fé, consolo e serenidade.

A vida que Deus nos dá é eterna, e aqueles que amamos continuam vivos na presença do Pai. Que a lembrança dos que partiram nos motive a viver melhor, com mais amor, mais fé e mais paz porque um dia, pela graça de Deus, todos nos reencontraremos na eternidade. Paz&Bem.

TOHRU VALADARES bacharel em Teologia, Filosofia, Licenciado em Ciências da Religião, Psicólogo, Pós-graduado em conselhamento Cristão e Capelania, mediação de conflitos, filosofia Religiosa e ecopedagogia.

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