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Hospital Bom Samaritano retoma transplantes de córnea

Córnea foi doada por uma criança de 9 anos, de Teófilo Otoni
Paciente Agnaldo Amâncio Figueiredo e sua irmã Ivana Amâncio Figueiredo. Foto: Divulgação HBS
sexta-feira, 3 outubro, 2025

Na segunda-feira dia 29 de setembro, um novo marco na saúde foi estabelecido pela Beneficência Social Bom Samaritano (BSBS), mantenedora da Clínica Bom Samaritano, em Governador Valadares, numa parceria com a Clínica Olinta Dutra, onde foi realizado o primeiro transplante de córnea pelo SUS, depois de mais de uma década, graças a um novo credenciamento que agora permite que os transplantes pelo SUS sejam feitos em Valadares.

O médico Mauricio Dutra realizou o transplante após receberem a córnea doada por uma criança e 9 anos de Teófilo Otoni e encaminhada a Valadares pelo MG Transplantes.

“Agora os pacientes não precisarão mais serem encaminhados a outras cidades e até a outros estados como antes, porque estamos credenciados e podemos fazer os transplantes aqui, sempre que houver uma córnea disponível”, explica Maurício Dutra.

O felizardo foi Agnaldo Amâncio Figueiredo de 47 anos, morador do bairro Altinopólis que foi encaminhado para o transplante em 2023. Agnaldo foi acometido pelo Ceratocone aos 14 anos de idade, uma doença que causa uma curvatura na córnea que vai se agravando, como aconteceu nos últimos sete anos, e pode levar a perda total da visão como aconteceu com o paciente.

“Agnaldo só via vultos, e por isso encaminhamos para transplante. Ele estava na fila e quando a córnea apareceu na semana passada, houve uma avaliação pela equipe técnica do MG Transplantes ele foi priorizado para receber a doação”, explica o oftalmologista Maurício Dutra, responsável pela cirurgia que permitiu ao paciente voltar a enxergar.

Ele explica que quando a córnea aparece em quatro ou cinco dias, no máximo é feita a avaliação, já pede os exames dos pacientes que estão mais bem localizados na fila enquanto a córnea é transportada para a cidade.

“Nós recebemos a córnea e guardamos numa temperatura pré-determinada para conservação. Muitas vezes as pessoas acham que vai vir um globo ocular, mas não. Quando a gente faz a doação, a gente pega o globo ocular do doador, mas o que utilizamos no transplante é somente a córnea, que é a parte transparente do olho", explica Dutra.

Depois do transplante o processo é longo até a visão definitiva, mas já nos primeiros dias ele já começa a enxergar, porque se entra luz, já vez cores, volume, já uma visão diferente. Na finalização do transplante o paciente recebe 16 pontos com o objetivo de fixar a córnea, para que não tenha vazamento de líquido,  tenha uma sustentação e uma boa recepção. No  pós-operatório o paciente vai para casa com um curativo, volta no dia seguinte para um novo curativo, três dias depois e sete dias depois, assim sucessivamente para acompanhamento.

Seis meses depois do transplante é iniciado o processo para a retirada dos pontos para adequar a córnea e tirar os efeitos refracionais.

“Passados os seis meses, nós fazemos os exames de topografia de córnea depois a fase final que é ver a necessidade do grau e dos óculos que ele vai usar, para fazer a correção visual e ter a visão mais próxima de 100% possível. Mas é importante dizer que depois de retirado o curativo ele já começa a ter nos primeiros dias uma visão diferente que vai melhorando com o tempo, afinal ele não enxergava nada, só vultos”, explica Dutra sobre o processo que o paciente enfrenta depois do transplante de córnea. Na quinta-feira, 2 de outubro, Agnaldo fez uma das revisões e já era só alegria. “Eu já estou vendo o doutor aqui, vendo o pessoal que está fazendo a matéria, agora é só alegria”, ele dizia durante o exame. Ele estava acompanhado da irmã Ivana Amâncio, que a todo momento expressava sua felicidade pela oportunidade. “A gente está muito feliz, esperamos muito é só agradecer e pedir mais gente pra doar”, afirmou cheia de esperança com a visão do irmão.

Doação de órgãos

No Brasil a doação de órgãos só pode ocorrer com autorização da família, portanto é importante conversar com a sua família e deixar clara a sua vontade de ser doador após a morte. Quando uma pessoa se dispõe a doar seus órgãos, a doação de córnea se torna uma delas e, diferente de outros órgãos, não exige compatibilidade, o que torna qualquer córnea saudável, potencialmente adequada, o que minimiza o risco de rejeição.

Uma córnea pode ajudar até duas pessoas, pois cada córnea pode ser dividida e usada em dois transplantes.

“Além da córnea, a esclera (parte branca do olho) e outras partes do olho podem ser utilizadas para ajudar outras pessoas em diferentes cirurgias, como as oculoplásticas ou para tratar o glaucoma”, explica Dutra.

A fila de transplantes é nacional, mas existem divisões por estados e dentro deles as subdivisões regionais.  

“Hoje na região Leste de Minas a média de espera por uma córnea é de dois anos, um tempo menor que na região metropolitana do Estado onde a espera e de quatro anos”, explica Guido Moreira do MG Transplantes em Belo Horizonte, esclarecendo ainda a necessidade de incentivar a doação, porque quanto mais córneas são captadas na região menor é o tempo de espera e a preferência é que a córnea fique na área, atendendo as pessoas que estão na fila.

Paciente Agnaldo Amâncio Figueiredo e sua irmã Ivana Amâncio Figueiredo. Foto: Divulgação HBS

Oftalmologista Mauricio Dutra responsável pela realização do transplante. Foto: Divulgação HBS

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