POR BETINNA TASSIS
O Pico da Ibituruna, Monumento Natural Estadual e coração da identidade de Governador Valadares, trilha um caminho vital: o Turismo Regenerativo. Não basta mais o turismo "sustentável" que apenas minimiza danos; a urgência planetária (com o Dia da Sobrecarga da Terra em 24 de julho, em 2025) exige uma abordagem que ativamente regenere e cure o território.
Da Aventura à Ação Ambiental
A vocação da Ibituruna para o Turismo de Aventura e de Montanha agora se une à responsabilidade. Ações como a reposição de carbono do Campeonato de Voo Livre e do Festival DiVino, com apoio da comunidade e empresas (Águas de Valadares, Sicoob 4071, AVLI, 776 Produções, FestPlace e Caminho das Nuvens), demonstram o engajamento na pegada do Carbono Neutro.
A vanguarda é liderada pelo Projeto de Turismo Regenerativo do Sítio Eco Cult Caminho das Nuvens e CIAAT, com suporte do IEF, Fiemg, Escoteiros e a parceria da Samarco (programa Renova). Eles transformam passivo ambiental em ativo ecológico, com o plantio de ipês, vinháticos e cajás para criar um corredor ecológico de Mata Atlântica na frente da montanha. O desafio é plantar 100 mil hectares, somando-se aos já reflorestados outras áreas desde 2023.
Direcionamentos de Políticas Públicas: O Caminho para o Futuro
Para atrair esse turismo transformador, as políticas públicas devem se basear em pilares interligados, conforme o Plano Nacional e o Plano Municipal de Turismo, consolidando a marca Viva Valadares:
1. Segurança Integral e Certificada para Aventura: A prioridade é o Turismo Seguro. É crucial a regulamentação das leis municipais de Gestão de Risco em Atividades na Natureza para esportes como voo livre, atividades verticais e trilhas. Garantir a manutenção e sinalização da estrada Aurita Machado e apoiar projetos estruturantes, como a Trilha da Santa e o Ecomuseu Etana, é essencial. A infraestrutura deve focar na Inclusão e Acolhimento, atendendo a nichos como a mulher que viaja sozinha, tema atual de interesse do MTur, Turismo que Protege.
2. Ecoturismo, Regeneração e Conhecimento: O Monumento Natural é o laboratório de conservação ativa. As ações devem focar em regenerar: reflorestar, cuidar das águas e reduzir o lixo, integrando o sucesso do reflorestamento à experiência turística. O Turismo de Observação de Aves e o Astroturismo (explorando a altitude da montanha rochosa de origem vulcânica) atraem um público de baixo impacto e alto interesse científico. O sonho do teleférico, trenó de montanha, passarela suspensa, estrutura de receptivo no pico, museu do voo livre devem ser balizados por empresa séria contratada para construir uma proposta de modelagem que seja “sonho” sem “achismo”.
3. Experiências, Gastronomia e Bem-Estar: O regenerativo se manifesta em experiências na Rota da Ibituruna que reconectam, transformando o Pico em local de detox digital e emocional. Fomentar produtos como o “Banho de Floresta” (trilhas e árvores tricentenárias) e explorar as opções de hospedagem (EcoPark Vale Silvestre, Pousada da Serra, Ibituruna Serra Clube e AirBNB) e as Experiências Gastronômicas da culinária de montanha no fogão a lenha do Gamela, na cozinha da Casa de Papai Noel, e doces, queijos da produção associada local. A qualificação da Gastronomia é um eixo de atração.
4. Valorização do Território e Hospitalidade: Regenerar é também tornar as pessoas felizes. As políticas devem valorizar a cultura, as tradições e o saber local, oferecendo conforto, mobilidade e acolhimento.
A Ibituruna está à frente. Ao integrar a urgência ambiental com a diversificação do turismo – do radical ao contemplativo, do gastronômico ao regenerativo – Governador Valadares se posiciona como um destino seguro e responsável, apontando para o futuro. É o momento de colaborar e construir juntos a cidade que merecemos, de forma técnica e com participação da sociedade civil, associações e entidades ligadas ao MONAE Ibituruna. Turismo é estratégia de desenvolvimento local que demanda ordenamento, gestão eficiente e segurança na oferta para promover o destino e provocar memórias inesquecíveis.
Sobre a autora
Betinna Tassis é Doutoranda em Economia do Turismo, Pós em Políticas Públicas de Turismo e Desenvolvimento local e Monitora Nacional em Indicação Geográfica. Foi Gestora de Turismo em Cel. Fabriciano e Gov. Valadares, com indicação ao Prêmio Nacional do Turismo (Gestor Público). Especialista em turismo regenerativo, TBL e aventura segura, foca no desenvolvimento de rotas, eventos e políticas públicas regionais.