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Jesus e o amor que transforma

Leia a coluna desta semana de Jamir Calili
Jesus e o amor que transforma. Foto: Reprodução da Internet
domingo, 20 abril, 2025

por Jamir Calili

Os domingos os de Páscoa carregam um forte simbolismo para toda a comunidade de tradição judaico-cristã. Celebrada por judeus e, posteriormente, se transformando na celebração psicologicamente mais profunda dos cristãos, a Páscoa é sinônimo de libertação, passagem e sacrifício.

O nascimento de Cristo é relevante, mas a sua crucificação é profundamente marcante no espírito cole- tivo da sociedade, pois remete a uma reflexão sobre os novos tempos (a boa nova), sobre o sacrifício de Jesus por todos nós e sobre o arrependimento de nossos pecados em prol de uma nova vida.

Convido o leitor a refletir sobre Jesus e sua vida, não necessariamente sobre sua morte. Jesus chamou ao trabalho de amor, conforme podemos depreender da leitura de seu evangelho, pessoas comuns, simples, com características eminente- mente humanas, com suas alegrias e culpas, com seus brilhos e sombras: eram pescadores, prostitutas, doentes, ladrões, cobradores de impostos etc. Sem os criticar, Jesus os envolveu com o manto do entendimento, do amor, que os fez sentir amados e, por isso, confiantes. O amor de Jesus era tão contagiante que despertava naqueles que o seguia, apóstolos e discípulos, características psíquicas profundas de renovação, tornando-os em exemplos de virtudes, despertando todas as potencialidades de suas almas. Nem mesmo seu algoz, o centurião romano Longinus ficou ileso a onda de amor emitida por Jesus. Conta a tradição que ao perfurar o peito de Jesus, para ter a certeza da sua morte, ele foi atingido por respingos de sangue e água que jorravam do coração do mestre, curando-o de problemas nos olhos. A conversão do centurião foi imediata.

Andrei Moreira, nos fala que todos esses personagens “representam um caminho possível ao ser humano que deseja libertar-se da ilusão da matéria, do peso das questões grosseiras, sintonizando-se com o culto harmonioso do belo e do bem, que deve presidir o comportamento do espírito imortal”. Nenhum deles eram seres perfeitos, muitos estavam absurdamente envolvidos em sombras e erros grosseiros, mas foram tocados por Cristo na sua essência d´alma, que despertou nelas suas potencialidades.

Assim como quase dois mil anos atrás, ainda pautamos nossa relação com Deus e com Cristo baseados em aspectos materiais, privilégios e pers- pectiva de poder político. Não nos diferenciamos muito daqueles judeus que esperavam o messias para governar materialmente os reinos terrenos, sob a batuta da espada, do escudo e da vingança. E, simbolicamente, acabamos por crucificar Jesus repetidamente.

Vivemos, em especial nos tempos contemporâneos, um profundo vazio que consome nossas energias, vitalidade e alegria de viver e buscamos preenchê-lo com elementos igualmente vazios, que ampliam nossa fome e sede por amor e amparo. Para preencher esse vazio, precisamos nos religar a Deus e reinterpretar o grande sacrifício de amor que Jesus nos fez ao se deixar levar para a cruz. Precisamos rejeitar a humanização moral de Jesus, que o torna paradoxal como nós somos, e res- significar sua divindade, para entender que Cristo amava os pobres, os criminosos e os pecadores de

tal forma digna, que deu a eles a possibilidade de reencontrar o caminho para Deus, desenvolvendo suas próprias potencialidades e seu autoamor. Eles passaram a se compreenderem como seres amados que poderiam amar a si próprios.

Em nossa trajetória de desenvolvimento pessoal, baseado nas lições evangélicas de Cristo, precisamos nos transformar em exemplos do bem, dar colo e consolo para essa nossa sociedade magoada, ressentida e vingativa. Precisamos abandonar Pilatos e abraçar Jesus, compreendendo que somos espíritos imortais a caminho do reino de Deus, merecedores e promovedores deste reino, onde todos, todos mesmo, poderão entrar.

Que neste domingo de Páscoa possamos refletir como tem sido o nosso relacionamento com Jesus, nosso salvador e sua mensagem evangélica. Ele nos amou de todo o coração, hoje estamos salvos e a boa nova está anunciada.

Jamir Calili, membro da Academia Valadarense de Letras, professor na UFJF, cientista social, advogado e vereador.

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