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Liberdade de Expressão no Meio Religioso: um chamado ao respeito mútuo

Leia a coluna desta semana de Tohru Valadares
Fé. Foto: iStock
domingo, 28 setembro, 2025

por Tohru Valadares

Caríssimo ledor(a), no dia 28 de setembro de 2025, o Brasil celebra o Dia da Liberdade de Expressão. Em tempos de debates acalorados e opiniões que se cruzam nas redes sociais, no trabalho e até mesmo dentro das comunidades religiosas, refletir sobre esse direito torna-se essencial. A liberdade de expressão não é apenas uma conquista democrática: para nós, cristãos, ela também é um chamado bíblico ao testemunho responsável e ao respeito ao próximo.

A liberdade como princípio bíblico

A Palavra de Deus nos mostra que a liberdade está no centro da vida de fé. No Antigo Testamento, o Êxodo já nos ensina sobre o desejo divino de libertar o povo da opressão: “Eu desci para livrá-los da mão dos egípcios e para fazê-los subir daquela terra para uma terra boa e ampla” (Êxodo 3:8). Aqui, a liberdade não é apenas física, mas também espiritual: um espaço onde o povo pode viver em aliança com Deus e expressar sua fé.

Nos Salmos, a liberdade de expressar a crença aparece como louvor público: “Proclamarei a tua justiça na grande assembleia; jamais fecharei os meus lábios, Senhor, tu o sabes” (Salmo 40:9). O salmista demonstra que a palavra, quando usada com fé, edifica a comunidade.

No Novo Testamento, a mensagem se aprofunda. Paulo afirma: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gálatas 5:1). A liberdade de expressão cristã não é mero direito humano, mas consequência da redenção em Cristo. Já Jesus declarou: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32), conectando o uso da palavra à busca da verdade e da vida em Deus.

Como expressar a fé sem ferir o outro?

A liberdade de expressão religiosa precisa andar junto com a caridade. Em Romanos 14:19, Paulo aconselha: “Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros.” Isso significa que expressar a fé não deve ser ato de imposição ou agressão, mas testemunho que constrói.

A parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37) é um exemplo vivo de como conviver com as diferenças religiosas. Judeus e samaritanos não partilhavam da mesma fé, mas Jesus escolheu justamente um samaritano como símbolo de compaixão. Essa história nos ensina que a expressão verdadeira da fé não está em discursos que dividem, mas em atitudes que unem. Ser livre, portanto, é usar a palavra para servir, e não para excluir.

Respeitar escolhas dogmáticas

O respeito à diversidade de fé também encontra respaldo na Escritura. O profeta Miquéias escreveu: “Pois todos os povos andam, cada um em nome do seu deus; mas nós andaremos em nome do Senhor nosso Deus para todo o sempre” (Miquéias 4:5). A liberdade aqui é dupla: cada povo segue sua convicção, enquanto Israel mantém a fidelidade ao Senhor.

No Novo Testamento, Tiago reforça a prudência: “Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tiago 1:19). Ou seja, a verdadeira liberdade de expressão também se revela na escuta paciente, no diálogo respeitoso e no cuidado em não transformar a palavra em instrumento de violência.

O valor da convivência no desacordo

Viver a fé em sociedade exige reconhecer que nem todos pensam da mesma forma. No entanto, a Bíblia nos orienta a cultivar o respeito mesmo diante do desacordo. Amós 3:3 questiona: “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” A resposta parece óbvia, mas o Evangelho mostra que sim: é possível caminhar juntos, mesmo discordando, quando o vínculo é o amor.

Paulo nos lembra em 1 Coríntios 10:23: “Tudo é permitido, mas nem tudo convém; tudo é permitido, mas nem tudo edifica.” Essa passagem resume bem a questão: o direito de falar existe, mas a maturidade está em discernir se aquilo que dizemos constrói ou destrói.

Um chamado motivacional

Neste Dia da Liberdade de Expressão, somos convidados a usar a voz não apenas para reivindicar direitos, mas também para viver valores cristãos. O apóstolo Pedro escreveu: “Portanto, livrem-se de toda maldade e de todo engano, hipocrisia, inveja e toda espécie de maledicência. Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o puro leite espiritual” (1 Pedro 2:1-2). A expressão verdadeira da fé nasce de um coração limpo e voltado para Deus.

Assim, podemos dizer que a liberdade de expressão no meio religioso é um ato de amor: anunciar a fé sem calar a do outro, testemunhar com firmeza sem ferir, dialogar com coragem sem perder a ternura, lembre-se que podemos e devemos aprender com os outros, ainda que o aprendizado seja, sobre o que, não fazer.

Concordar ou discordar faz parte da vida em comunidade. Mas respeitar o próximo é mandamento divino, está atrelado com a boa conivência em comunidade. Está tudo bem em “concordar discordando”, porque no fim, o que realmente importa é que o respeito e dialogo sejam sempre as primeiras ferramentas acionadas dentro do convívio em comum, pois, quando Cristo é anunciado em nossas palavras e refletido em nossas atitudes, o amor é o núcleo da sua bem aventuranças. Paz&Bem.

TOHRU VALADARES bacharel em Teologia, Filosofia, Licenciado em Ciências da Religião, Psicólogo, Pós-graduado em conselhamento Cristão e Capelania, mediação de conflitos, filosofia Religiosa e ecopedagogia.

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