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Malas e mais malas... e o (a) mala

Leia a coluna desta semana de Marcius Túlio
Malas. Foto: Reprodução da Internet
domingo, 18 maio, 2025

por Marcius Túlio

Se considerarmos o termo MALA em seu sentido literal, definido nos dicionários da língua pátria, obteremos que: “espécie de caixa, geralmente com armação de madeira, em que se arrumam os objetos dos quais se necessita em viagem” ou “Caixa, geralmente revestida de couro, lona, etc, usada normalmente para transporte de roupa e outros objetos, em viagem” ou ainda“ Bolsa de mão, geralmente usada por senhoras para transportar documentos e pequenos objetos de uso cotidiano.”

Nota-se que é um mero artefato muito útil na vida dos humanos.

Viajando numa espécie de viagem experimental, na linguagem figurada, típica de dialetos e gírias, comuns em todas as civilizações, obteremos, em algumas regiões do Brasil, que MALA é um termo destinado a classificar aquele indivíduo inconveniente, presunçoso e arrogante, em outras palavras, um chato, aquele que traz ou atrai problemas por onde passa.

O motivo da fusão dos dois conceitos num só termo, confesso que não sei e não me interessa, só sei, por acomodação ou ironia, que faz sentido.

No universo brasileiro, o termo provoca calafrios e tensões, haja vista os contextos em que é usualmente empregado, seja em que sentido for. Brasileiramente falando, já ouvimos sobre a mala preta, mala branca, mala rosa, mala no apartamento, malas da Rússia, o homem da mala, mala sem alça e sem rodinha, malas de dinheiro, malas de documentos e até malas diplomáticas, as intocáveis.

Nessa linha de pensamento, deparamos, recentemente com um honorável acontecimento em que a primeiríssima dama do Brasil do “L”, em viagem precursora, cerca de uma semana antes, à comitiva presidencial, embarcou na maior aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira), um Airbus A330, destinado ao transporte de carga e para realizar reabastecimentos aéreos, com um número de malas, digamos, excessivo ou exagerado, que, pelas circunstâncias, sugerem se tratar de malas diplomáticas ou no coletivo, bagagem diplomática.

Além das malas, curioso o fato de que todos os dados referentes ao voo, tais como o número de passageiros, conteúdo das malas e o motivo da viagem antecipada, estão sob sigilo e que o sobrevoo da aeronave foi vetado sobre alguns países europeus, mas isso talvez não seja importante, já que o destino final do voo era o mesmo local onde ocorreria uma confraria de cerca de 38 ditadores dos quatro cantos do planeta.

Talvez, não seja importante saber que o paraíso de Puttin não integra o sistema financeiro internacional, por razões óbvias.

Como sói acontecer no Brasil, o artefato mala, originariamente inofensivo, assume um protagonismo tenebroso e circunstancialmente confuso, ao passo que a Mala, no singular, pode causar desconforto aos navegantes de boa fé.

O mistério das malas remonta há alguns anos passados, viagens interlocutórias ocorreram com certa frequência, com as mesmas malas no protagonismo passageiro.

Talvez seja injusto, mas não incoerente, pelo mistério, ligar as malas viajantes aos recentes escândalos em andamento no paraíso do “L”, é bom que se frise que todos tememos o desconhecido.

Mas, nada disso é importante no paradisíaco cenário brasileiro, afinal, habemus técnico estrangeiro na seleção canarinho.

Malas se tornaram símbolo emblemático do país das maravilhas superficiais e imaginárias, seu uso em situações inusitadas, já integram a cultura nacional e às vezes representam escândalos passageiros e fugazes, nada que uma reunião extraordinária durante a madrugada do Congresso não esclareça ou uma canetada suprema não dissolva com naturalidade, tudo em nome da democracia do amor.

A relação inanimada entre o artefato, mero objeto e seus operadores ou portadores, seres ditos humanos, é, por vezes perniciosa, perigosa e traiçoeira, ultrapassa os limites da moral, entorpece os sentimentos, vicia personalidades, sepulta reputações e extermina o caráter.

Enquanto essa relação fortalecer a escalada pelo poder, estabelecendo critérios e quantias, o destino estará traçado e a avalanche das vontades será determinante vetorial e os mortais, apenas número. De mala em mala o Mala enche a mala. Malas são malas, seres humanos são seres humanos.

Paz e Luz.
Marcius Túlio é Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais

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