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Nutricionistas demandam regulação do uso da Inteligência Artificial

Necessidade foi destacada em audiência pública da Comissão de Saúde na tarde desta quarta-feira (10).
Uso de IA na nutrição. Foto: Reprodução da Internet
quarta-feira, 10 setembro, 2025

Profissionais da Nutrição demandaram a regulamentação do uso da Inteligência Artificial (IA) na área durante audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na tarde desta quarta-feira (10/9/25).

Uma delas foi a mestre em Nutrição pela Universidade de São Paulo (USP) e docente no Centro de Estudos Superiores de Maceió, Marcia Pinheiro. Ela enfatizou que a IA está transformando a área da saúde como um todo, incluindo a Nutrição.

Nesse contexto, para ela, é preciso destacar a essencialidade do nutricionista para cuidar da nutrição das pessoas. Marcia Pinheiro explicou que a profissão não se resume ao cálculo de uma dieta controlada, pois utiliza variáveis e conhecimentos transversais para a saúde do paciente de modo amplo a partir de orientações, prescrição de dieta e de suplementos.

“A IA vai nos dar uma informação padrão. Mas não vai trazer humanidade e escuta ativa, tão importantes para a mudança no estilo de vida do paciente.”

Marcia Pinheiro - Mestre em Nutrição pela USP

Apesar de reconhecer a relevância da ferramenta para auxiliar a profissão, a nutricionista enfatizou que o uso inadequado gera falta de personalização, risco de desinformação e ausência do vínculo entre profissional e paciente.

Ética no trabalho

Corroborou a fala anterior a coordenadora da Câmara Técnica de Saúde Coletiva do Conselho Regional de Nutrição (CRN), Beatriz Carvalho.

Como disse, algumas ferramentas de IA podem apresentar um apanhado de informações aparentemente corretas, mas sem embasamento científico, o que pode induzir pessoas a algumas condutas com consequências ruins para a saúde.

Beatriz Carvalho também defendeu formação consistente de profissionais habilitados a usar a IA de modo ético.

“O trabalho do nutricionista deve ser pautado por ética e respeito diante dessas novas ferramentas, para o bem-estar do usuário do sistema de saúde”, afirmou.

Segundo a nutricionista e assistente técnica do CRN, Lais Resende, a IA tem sido usada na área para análise de múltiplos dados e para nutrição de precisão, especialidade que reúne dados diferentes de um indivíduo como histórico de saúde e genética para gerar recomendações bem específicas. Mas ela questionou a origem e atualidade desses dados.

Conforme a nutricionista e supervisora da Unidade de Fiscalização do CRN, Jordana Machado, o profissional é insubstituível, mesmo com o uso adequado e ético da IA. Ela defendeu a conscientização de nutricionistas e pacientes em relação a isso.

Parlamentar apoia regulação da IA

O deputado Lucas Lasmar (Rede), solicitante da reunião, contou que elaborou um projeto de lei para implementar a IA no sistema de saúde, mas na parte administrativa, com objetivo de interligar sistemas e prontuários, além de preencher histórico médico, entre outras funções.

De acordo com ele, a IA pode ser usada não só para o bem, mas também para o mal. Por isso, defendeu o uso consciente e complementar dessas ferramentas na Nutrição.

Para o parlamentar, os principais riscos em planos alimentares gerados dessa forma são carências nutricionais, falta de atenção a doenças, alergias e fatores individuais, promoção de dietas da moda e risco de transtornos alimentares.

Em relação a bons exemplos de uso, pontuou: organizar grandes volumes de dados, pesquisar alimentos e produtos e auxiliar no planejamento de cardápios e tarefas.

Lucas Lasmar destacou que há em Minas 20.500 nutricionistas, conforme dados do CRN. Ele destacou a relevância da profissão para a saúde e o bem-estar das pessoas.

“Apenas o nutricionista garante cuidado clínico, psicológico e humano”, afirmou.

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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