por Marcius Túlio
Com as vísceras expostas de forma escancarada de impacto contundente, o sistema se defende do modo mais convencional, atacando.
Sem um mínimo de coerência, porque não dizer constrangimento, se mantém impassível diante de denúncias gravíssimas perpetradas por um ex-aliado, com provas cabais, devidamente periciadas, como se tudo estivesse “como dantes no quartel de Abrantes”.
Sem se importar com reflexos sociais, políticos e desprezando sarcasticamente os aspectos legais e morais, o establishment toca sua vida como se não houvesse amanhã, explicitando para a população de boa fé que a cantiga agora é outra.
Trata-se de uma nova modalidade de Estado de Direito, onde a legalidade é definida pelas circunstâncias políticas de momento, que atendam aos devaneios do obscuro sistema em ascensão nos trópicos do sul.
Imiscuídas, política e justiça se perdem entre legitimidade, legalidade e democracia, para tentar confundir a opinião pública, confrontando-se, lamentavelmente, com fatos e desvirtuando a verdade flagrante ao mundo real.
A já conhecida tática da cortina de fumaça, tão utilizada para dissimular a verdadeira ação, parece estar em prática quando escândalos que encobrem escândalos, envolvendo os círculos mais íntimos do poder, arrastando o país para o fundo do poço em busca de uma instabilidade política e econômica que favoreça a uma corrente ideológica está a todo vapor, com apoio massivo da grande e obsoleta mídia tradicional, em detrimento dos interesses realmente patrióticos.
A onda de narrativas falseadas por discursos e ações destrambelhadas envolve a percepção cognitiva de uma população extenuada por constantes falácias e estelionatos políticos, estabelecendo um ambiente de caos moral amplamente favorável aos desejos bestiais dos tiranetes ocasionais em busca de sua ânsia pelo poder total e eterno.
Incertezas, medo e decepções, que beiram ao desespero acossa uma população inerte e órfã, deixada ao relento da desesperança a chorar e lamentar pelas futuras gerações segregadas pela hipocrisia e pela prepotência daqueles em quem um dia acreditou.
Os desatinos institucionais em curso coloca o país em rota de colisão com potências estrangeiras, quiçá em estado de guerra e, como é sabido historicamente, a primeira vítima numa guerra é a população, o horizonte já é visível, talvez até tangível para alguns.
O desprezo pelos destinos de uma nação, privilegiando uma elite oportunista e transitória é notório e os interesses obscuros vão se tornando claros e objetivos, numa busca obstinada por alterar a natureza de um povo, esculpindo uma caricatura completamente diversa daquela para a qual foi forjado pelas vontades divinas, sempre com fulcro na liberdade, no respeito e na fé, tendo como base sólida a família, a moral e os bons costumes da cidadania plena.
Experiências alheias nos mostram o efeito nefasto das “mudanças de hábitos” impostos por regimes totalitários ao longo da História, as sequelas e os despojos deixados pela violência psicológica comumente empregada na doutrinação ideológica em civilizações fustigadas por pensamentos e sentimentos antagônicos à sua natureza.
Nenhum sentimento nacional muda com uma “canetada”, o fuzil apenas obriga, mas a fé e os princípios vitais de liberdade, de pensamento e de esperança jamais serão silenciados.
Imposições ferem a dignidade, indiferenças ferem a honra, mentiras ferem a cognição e violências ferem a existência o somatório subjuga uma nação, tornando-a o berço do medo e da insegurança, castram sua identidade em nome de um regime ou de um império.
Contra-atacando, o império se mantem às custas do sacrifício de toda uma geração, condenando substancialmente toda uma nação ao anonimato.
Sem dignidade, sem honra e sem cognição uma nação não existe, logo, não pode se organizar politicamente, assim, o Estado será apenas um natimorto.
Paz e Luz.
Marcius Túlio é Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais e analista político