por Marcius Túlio
Entre setembro de 1939 e agosto de 1945 o Planeta Terra esteve literalmente em chamas. Impulsionada pelo fogo das metralhadoras e bombardeios exuberantes, a humanidade sucumbiu violentamente numa luta fraticida somente freada pelo fogo maior que teve como cenário o Japão.
O cogumelo de fogo e destruição parecia ter amedrontado a raça humana, que assistiu a impotência do corpo físico diante de uma força, até então desconhecida, que simplesmente dissipou a matéria, fazendo-a evaporar em fração de segundos, assustador.
De lá pra cá, entretanto, nada mudou.
O auto extermínio, trazido pela errônea concepção da radiação atômica se vestiu com roupagem nova, mais sutil, lenta e progressiva, mas não menos fatal, traz consigo a máxima de Milton, a vaidade, desprezando assim a idealizada natureza humana.
O cenário ensurdecedor provocado pelos bombardeios deu lugar a um silêncio inquietante, catapultado pela ambição, pela intolerância e pela traição, criando uma ambiência hostil para os seres de boa fé.
O Planeta ainda está em chamas, a busca pelo poder hegemônico dissemina ódio e incompreensão, distorcendo a fraternidade esperada após os cogumelos atômicos dando vazão a uma ambição desenfreada que ultrapassa os limites da razão.
Capitaneada pelos simulacros da ilusão a busca pelo controle e pelo domínio escravagista das mentes viajantes estabelece disputas cada dia mais criativas e inovadoras, mas com resquícios de crueldade e desprezo pela raça humana.
A velocidade proporcionada pela tecnologia, que parece não está perfeitamente assimilada, traça múltiplos cenários geopolíticos que confundem a compreensão racional e gera instabilidade emocional, pavimentando o caminho dos oportunistas inescrupulosos e aproveitadores.
Os conflitos na Europa e na Ásia Menor, os eternos conflitos no continente Africano e o iminente conflito na América do Sul, impulsionados por uma dicotomia insana, de um lado o controle, do outro, ideais de liberdade, vem alimentando instabilidades políticas e sociais, acenando para um clima apocalíptico, sufocando esperanças construindo no pessimismo o destino do Planeta.
Onde se quer chegar, não se sabe ao certo, é improvável que se chegue a um consenso minimamente lógico sob o ponto de vista da sobrevivência pacífica e altruísta.
Os atores principais parecem defender interesses próprios, cabe ao espectador avaliar bem o seu foco e o seu sentimento.
Os prognósticos não são animadores, ao contrário, nos remetem ao medo e ao desequilíbrio, os interesses protagonistas parecem cada vez mais distantes das populações direta ou indiretamente envolvidas ou cooptadas pelos chamamentos condicionantes do poder vigente, provavelmente o mais forte prevalecerá.
O mundo está ardendo em fogo brando e o sentimento nacional tupiniquim parece estar em “stand by” ou mesmo induzido, consciente ou inconscientemente aos efeitos da “Síndrome do Sapo Cozido”, perfeitamente adequado ao “establishment”.
O caminho está se tornando mais árido a cada momento, o populismo não vai rega-lo convenientemente, o cerco está se fechando sobre eventuais “desvios” do passado, embora não exista foro adequado para reclamações ou mesmo um departamento eficaz para a devida contenção ou para a restauração da ordem um dia sonhada.
A tela está pintada com todas as cores necessárias, resta-nos, entretanto, decidir e é uma decisão íntima, pessoal, que pode se tornar coletiva, de qual lado ficaremos.
As consequências e os efeitos serão inevitavelmente debitados nos nossos ombros, se em curto, médio ou longo prazo, só o tempo dirá.
Paz e Luz.
Marcius Túlio é Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais e analista político