por Tohru Valadares
Caríssimo ledor(a), Em tempos de avanços tecnológicos e telas luminosas que nunca se apagam, o desafio da paternidade e da maternidade ganhou novas proporções. A internet abriu portas para o conhecimento e para a comunicação, mas também escancarou janelas perigosas para distrações, dependências e riscos invisíveis.
Se no passado os pais precisavam apenas se preocupar com os caminhos físicos que seus filhos percorriam, hoje a vigilância deve alcançar também os “atalhos digitais” que levam a lugares ocultos e, muitas vezes, nocivos.
A Palavra de Deus já alertava para a importância da presença ativa dos pais na vida dos filhos. O livro de Provérbios ensina: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6).
No contexto atual, esse “caminho” não é apenas a rua da vizinhança, mas também os sites, aplicativos e redes sociais que moldam o imaginário das crianças e adolescentes.
Se fizermos um anacronismo, podemos imaginar Abraão não apenas guiando Isaque pela trilha do monte Moriá, mas também monitorando quais “páginas” ele acessaria em um tablet.
José, pai terreno de Jesus, não apenas ensinando carpintaria ao menino em Nazaré, mas também garantindo que seus olhos não fossem capturados por imagens vazias em uma tela brilhante.
Não basta dar aos filhos ferramentas digitais e esperar que aprendam sozinhos. O acompanhamento diário é imprescindível. Moisés não entregou as Tábuas da Lei ao povo e partiu; ele permaneceu, orientando, advertindo e conduzindo. Assim também devem ser os pais: presentes não apenas fisicamente, mas espiritualmente, emocionalmente e, agora, digitalmente.
Quantos filhos estão crescendo sozinhos no universo virtual, aprendendo valores distorcidos e formando identidades frágeis? Quantos pais, ocupados, delegam à tecnologia o papel de “babá digital”? É preciso lembrar: a tecnologia pode ser ferramenta, mas jamais substituto da presença.
Jesus nos mostrou que o verdadeiro cuidado exige proximidade. Ele caminhava com os discípulos, partilhava refeições, escutava dúvidas e corrigia com amor. Essa é a pedagogia que precisa ser resgatada na família: não basta prover recursos, é necessário oferecer tempo, diálogo e limites claros.
O chamado de hoje é urgente: pais e mães, estejam atentos às telas dos seus filhos como estariam às portas de suas casas. O inimigo não bate apenas com tentações antigas; agora, ele se disfarça em cliques, notificações e conteúdos aparentemente inofensivos.
Ser pai e mãe no século XXI é viver em constante vigília, como o salmista declara: “Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Salmo 127:1).
Pais vigilantes, de mãos dadas com Deus, podem transformar a tecnologia em aliada da educação, e não em inimiga da inocência. O futuro das crianças não está apenas nas escolas ou nos templos, mas também nos lares que se abrem ou não às boas práticas do mundo digital. Pais presentes, filhos protegidos. Este é o evangelho vivido no hoje: amor, cuidado e vigilância. Paz&Bem.
TOHRU VALADARES bacharel em Teologia, Filosofia, Licenciado em Ciências da Religião, Psicólogo, Pós-graduado em conselhamento Cristão e Capelania, mediação de conflitos, filosofia Religiosa e ecopedagogia.





