por Marcius Túlio
Como será que nossa geração será vista no futuro?
Será que seremos vistos como uma geração ordeira e comprometida com os destinos de toda nação ou será que seremos lembrados como uma geração de fracassados, de zumbis passivos, manipulados por um sistema corrupto que nos escravizou, física, mental e emocionalmente?
Provavelmente teremos pelo menos uma página nos livros de História como um povo que foi educado ou amestrado para servir a classe política, gerando uma elite de comensais que nada produz e que se sustenta e se ostenta na passividade e no conformismo, com foco apenas no presente ou nas conquistas retrógradas e em falsetes romanceados pela inércia da ilusão.
Julgamentos draconianos, baseados na retórica política, que visam extermínio da razão, concentrados em fatos que se adequam às narrativas, em possibilidades imaginárias e em probabilidades fantasiosas, em testemunhos inverossímeis, contraditórios e inidôneos se tornaram cotidianos a ponto de serem assimilados por uma nação esbofeteada pela hipocrisia.
Rombos ou quaisquer outros atos que caracterizam desfalques ilegais são tratados como política de governo para mitigar a pobreza da população em benefício do servilismo institucionalizado pelo sistema.
O engajamento em campanhas que nos aproxima de ditaduras concretizadas parece não sensibilizar toda uma geração, em que pese informações disponíveis aos quatro ventos, a realidade parece não ser acessível, mesmo diante de imagens de fatos, enquanto as mídias dissimulam com novelas e com espetáculos garantidos pelo erário, pão e circo.
Enquanto isso, o tão sofrido Nordeste Brasileiro, que recebe a maior parte das verbas arrecadadas pela Federação, de cada cem Reais arrecadados pelo Estado de São Paulo, por exemplo, apenas 10 Reais retornam, ao passo que a cada 100 Reais arrecadados pelo Estado do Piauí, 394 Reais retornam, dão apenas um retrato simbólico de uma política eminentemente assistencialista que privilegia os benfeitores eleitoreiros.
Gastos astronômicos protagonizados pela elite dirigente que dá a volta ao mundo em 80 dias, com hospedagens milionárias e lastreadas por comitivas cada vez mais numerosas, soa como diplomacia, fomentada pelos incautos representantes populares, mas o circo não pode parar.
Por outro lado, a vida dos mortais trabalhadores, ou seriam escravos (?), se mantem impassível, trazendo em seu bojo a carestia, a taxação e a insegurança, direcionando o país ao caos social, pavimentando a via para a dependência exclusiva do Estado, qualquer semelhança é mera coincidência.
Empreender se tornou atividade próxima da marginalidade, encargos trabalhistas se mostram impiedosos sob a falsa premissa de proteção enquanto penalizam o investidor, sem o qual, o empreendimento é nulo ou fadado ao cadafalso, logo, não existe emprego.
Certamente que receber “Bolsa Família” ou qualquer outra esmola disfarçada de auxílio é mais vantajoso e embora nada lucrativo, é mais confortável e acalentador.
Ser tratado como escória pela comunidade internacional, inclusive pelos “parceiros”, já se tornou praxe, motivo de piadas carregadas de humor negro, perfeitamente assimilado por uma geração entorpecida pela introspecção cognitiva e pela inconsequência.
Absolutamente acuada pela sua própria covardia, essa geração não tem para onde fugir ou a quem recorrer, todas as instâncias do poder já lhe viraram as costas, o cenário de terra arrasada está no porvir, somente restarão pedras sobre pedras e salve-se quem puder.
Ainda mais uma vez, resta-nos a esperança de um socorro “vindo do estrangeiro”, tal qual ocorreu com nossa Independência de Portugal, oportunidade em que os EUA foram a primeira nação a reconhecer e a referenciar o Brasil como país autônomo e soberano.
A tão falada soberania há de ser reconhecida, mas é vital que a reconheçamos internamente em primeiro lugar, ou seja, a soberania é do povo, a partir do momento em que a vontade popular não é reconhecida ou respeitada, não há soberania, governos não são soberanos, sistemas não são soberanos, regimes não são soberanos.
Somente o povo é soberano, vontades pessoais ou institucionais jamais serão reconhecidas ou respeitadas como soberania.
É doloroso admitir nossa passividade como povo soberano, nossa inconsistência como nação, nossa covardia cognitiva e nossa submissão aos delírios autocráticos de uma estirpe dominada pela vaidade e pelos tentáculos do poder.
Paz e Luz.
Marcius Túlio é Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais