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Política Minas Inteligente depende do protagonismo de prefeituras

Audiência destacou papel de gestores municipais no cumprimento de objetivos de desenvolvimento sustentável.
Especialista Grazielle Anjos Carvalho destacou pioneirismo da nova política estadual durante a reunião. Foto: Luiz Santana ALMG
terça-feira, 30 setembro, 2025

Os desafios para implementação da Política Estadual de Apoio e Incentivo às Cidades Inteligentes – Minas Inteligente, instituída pela Lei 24.839, de 2024, foram tema de audiência pública da Comissão Extraordinária de Defesa da Habitação e da Reforma Urbana da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta terça-feira (30/9/25).

A reunião ocorreu a pedido do deputado Rodrigo Lopes (União), vice-presidente da comissão. Um projeto de autoria do parlamentar foi anexado à proposição que resultou na nova legislação. “Não quero ter somente a coautoria dessa lei, gostaria de vê-la colhendo seus frutos e cumprindo seus resultados”, disse, resumindo o objetivo da reunião.

Logo no início do debate, Rodrigo Lopes destacou que a criação de cidades inteligentes se relaciona com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê 17 metas globais a serem cumpridas por países até o ano de 2030, com vistas a erradicar a pobreza e garantir uma vida digna para todos. “Estamos concluindo a primeira metade da década e estamos muito longe de atingir as metas. Isso é preocupante”, ressaltou.

O deputado Leleco Pimentel (PT), presidente da Comissão de Defesa da Habitação, disse que a nova política trata do “direito à cidade” e que a audiência poderia apontar caminhos para a regulamentação da lei. Ele salientou que a implementação da Política Minas Inteligente se baseia na autogestão, “um instrumento poderoso, que traz dignidade e satisfação pelo esforço coletivo”, segundo o parlamentar.

Municípios têm papel fundamental

Conforme a Política Minas Inteligente, o Estado passa a ter o papel de apoiar as cidades na modernização da gestão pública e na adoção de soluções inovadoras, com capacitação de gestores, financiamento, cooperação técnica, incentivo à inovação e integração de políticas públicas.

Grazielle Anjos Carvalho, doutora em geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Iowa State University/USA, é coordenadora do GT Cidades Inteligentes na ALMG e consultora do Programa das Nações Unidas em Desenvolvimento (PNUD) da ONU.

A especialista classificou a nova legislação mineira como “um instrumento normativo alinhado com os princípios mais inovadores”. Ela explicou que existe hoje um movimento global para a construção de cidades inteligentes e que a lei cria um marco regulatório que facilita o acesso a investimentos pelo Estado, além de aprimorar a governança dos municípios.

“O Minas Inteligente dá um norte metodológico para o prefeito”, ressaltou Grazielle. Ela também elogiou a política por trazer uma cultura do planejamento para as cidades e uma visão territorial da gestão municipal.

O advogado Raphael Rodrigues Ferreira, do escritório Clar Advocacia, também atua sobre o tema do desenvolvimento sustentável e destacou que “o Minas Inteligente reconhece o protagonismo dos municípios na Agenda 2030 da ONU”. Para ele, os ODS’s somente serão concretizados a partir de políticas municipais de saneamento, saúde, capacitação, agricultura e tecnologia, cabendo às prefeituras implementar essas ações.

“Pensar cidades inteligentes é fazer uma releitura do que se faz no dia a dia. O município olha para os seus recursos e repensa seu uso para torná-los mais eficazes, a partir dos eixos de planejamento e governança."

Raphael Rodrigues Ferreira - advogado

O deputado Rodrigo Lopes corroborou a ideia: “se não tivermos os prefeitos envolvidos, dificilmente conseguiremos que a política estadual prospere”.

João Torres Pereira Júnior, prefeito de Brazópolis (Sul de Minas) presente na audiência, trouxe um exemplo de ação em andamento no município pautada no desenvolvimento sustentável. A partir de estudos e de uma demanda do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), com sede na cidade, a prefeitura tem investido em ações de combate à poluição luminosa, buscando parcerias para a instalação de sistemas de iluminação racionais e com responsabilidade ambiental e econômica.

Programa Cidades do Futuro

Representando o Governo de Minas, o superintendente de Inovação Tecnológica da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sede) Hícaro Lima Maciel apresentou o Programa Cidades do Futuro, em execução no Estado desde 2024, de forma concomitante à entrada em vigor da Política Minas Inteligente.

O programa tem o objetivo de apoiar municípios mineiros para o seu desenvolvimento como cidades inteligentes. De acordo com o superintendente, até o momento 121 municípios aderiram ao programa, que se baseia em cinco pilares:

  • diagnóstico da maturidade tecnológica dos municípios
  • capacitação dos servidores municipais
  • disponibilização de um arcabouço normativo de incentivo à inovação
  • apresentação de diretrizes metodológicas para digitalização da gestão municipal
  • adoção de soluções tecnológicas para apoiar processos de inovação nas prefeituras

Na última parte do programa, empresas e startups têm a oportunidade de disponibilizar a solução de maneira gratuita, por um período de tempo para as prefeituras participantes, que depois têm a opção de manter ou não a solução apresentada.

“A gente tem discutido internamente sobre como conseguir trabalhar a perenidade do programa não somente no município, mas no Estado”, afirmou Hícaro, explicando que a adesão ao Programa Cidades do Futuro têm uma duração de apenas 2 anos.

Para ele, a Política Minas Inteligente é uma institucionalização do programa e o governo tem se debruçado a pensar um instrumento que conecte as duas iniciativas.

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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