Por Thiago Ferreira Coelho
O 13º Encontro de Pesquisa em Educação (Epeduc) e o 7º Congresso Internacional de Trabalho Docente e Processos Educativos, promovidos pelo programa de pós-graduação em Educação da Universidade de Uberaba (Uniube), foram realizados de forma híbrida, entre os dias 1º e 4 deste mês. Um dos palestrantes convidados foi o professor do curso de Direito e do mestrado em Gestão Integrada do Território (GIT) da UNIVALE, Bernardo Gomes Barbosa Nogueira.
O docente da UNIVALE foi a Uberaba e participou da mesa-redonda “Justiça, Inteligência Artificial e Educação: formação cidadã na era digital”, que também teve o professor Renan Antônio da Silva, da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), com mediação da professora Thaísa Haber Faleiros, da Uniube. A mesa trouxe discussões sobre como a inteligência artificial e novas tecnologias atravessam o ensino, a pesquisa e as práticas sociais. O debate abordou desafios nos campos jurídico e educacional, com reflexões sobre como essas transformações podem contribuir para uma formação cidadã e para a construção de uma Justiça mais acessível, democrática e humanizada.
Aos participantes do Encontro de Pesquisa em Educação, Bernardo falou a partir de suas experiências como mediador de conflitos.
“Eu trabalho escutando conflitos todos os dias. A mediação é uma ótima oportunidade de inclusão democrática no país, porque a gente é obrigado a aprender a ouvir”, salientou o professor. A realidade educacional em uma época do crescente uso de ferramentas de inteligência artificial, para o docente, é comparável à relação com conflitos.
“O conflito é a base da democracia. Uma sociedade sem conflito é uma sociedade autocrática. A democracia requer o conflito, para que haja diversidade. A questão não é acabar com os conflitos, é como a gente vai trabalhar esses conflitos. É preciso resistir ao discurso algorítmico com a mediação das artes, em relação estreita com construções artísticas e humanidades”, observou Bernardo.
Uma formação cidadã crítica na era digital é aquela capaz de quebrar correntes na narrativa de um corpo-território, analisou o professor, citando um conceito de estudos territoriais pesquisado no GIT.
“Não se trata de negar a inteligência artificial, chegamos a um ponto sem retorno. É como eu falei sobre conflitos, não vamos retornar ao que era antes. Mas é preciso pensar sobre o que vamos fazer disso, e não se entregar de maneira acrítica a uma colonização digital”, afirmou.



Fotos: Divulgação Univale