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Servidores da Uemg reforçam cobranças, antes de assembleia sobre a greve

Revisão salarial, incorporação da ajuda de custo, plano de carreira e condições de trabalho são as principais reivindicações da categoria
Os professores da Uemg estão em greve desde o dia 2 de maio. Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG
quarta-feira, 12 junho, 2024

A associação dos docentes da Universidade do Estado (Uemg) convocou assembleia geral para deliberação, na tarde desta quarta-feira (12/6/24), sobre a greve iniciada no dia 2 de maio.

Antes, em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), professores e servidores administrativos reforçaram as cobranças da categoria.

Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião

Na semana passada, as demandas foram apresentadas em reunião da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, entre as quais o cumprimento do acordo firmado em 2016 com o governo para incorporação de gratificações, ampliação do percentual de dedicação exclusiva e novo plano de carreira.

A audiência desta quarta (12) foi solicitada pelo deputado Betão (PT). A defasagem dos salários, que faz da carreira dos docentes da Uemg umas das piores do Estado, e a falta de estrutura da universidade, inclusive com a divisão de espaços com instituições de ensino como o Colégio Tiradentes de Barbacena (Região Central), foram destacadas pelo parlamentar.

O deputado Leleco Pimentel (PT) criticou a falta de disposição do governo estadual para o diálogo, o que seria uma estratégia de não reconhecimento da greve, um instrumento de luta dos trabalhadores.

Presidente da associação dos docentes, a Aduemg, Túlio Lopes também acredita em um projeto do governo Zema para o sucateamento das universidades estaduais.

Túlio Lopes protestou contra a recomposição salarial de 4,62%, frente a perdas acumuladas de 75%. Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG

Ele protestou contra a recomposição salarial de 4,62%, frente a perdas acumuladas de 75%, cobrou uma carreira única, com a possibilidade de dedicação exclusiva para todos os professores, e colocou como condição para o término da greve o aumento da ajuda de custo.

Segundo o representante dos docentes, o governo sinaliza, pelo contrário, com o corte da ajuda de custo dos trabalhadores em greve, o que pode representar metade dos vencimentos.

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Universidade possui mesmo número de cargos administrativos desde 1989

Apesar de a audiência ter focado na situação da Uemg, como os problemas são muito semelhantes na outra universidade estadual, a Unimontes, de Montes Claros, o presidente da associação dos docentes da instituição, Ildenilson Barbosa, apresentou o panorama das dificuldades enfrentadas no Norte de Minas.

“Nós vivemos na Unimontes um processo de devastação da universidade”, disse. De acordo com o professor, para não perderem a ajuda de custo, os servidores não podem tirar licença, trabalham mesmo quando doentes. Outra queixa de Ildenilson é da falta de efetivos para os cargos administrativos.

Cenário confirmado pelas representantes dos técnicos e analistas da Uemg, Sidnéia Mainete e Vanessa Pereira.

Conforme relataram, de 1989, quando a universidade foi fundada, para cá, são os mesmos 258 cargos, apesar do número de alunos ter saltado de 3 mil para 21 mil. Atualmente, são apenas 82 efetivos nesses cargos. Só dois concursos foram realizados nesses 35 anos.

Elas também abordaram o plano de carreira, que se inicia com o salário de R$ 1.155, inferior ao salário mínimo – situação que se mantém em diversos graus e níveis da carreira, a qual prevê 18 anos para a promoção por escolaridade adicional, mesmo que o servidor já tenha tomado posse com a formação necessária.

Reitora minimiza impacto da recomposição inflacionária

A reitora da Uemg, Lavínia Rodrigues, defendeu a mobilização dos servidores, por trazer visibilidade para as demandas da Uemg.

Ela também se mostrou preocupada com a remuneração dos profissionais, especialmente da área administrativa.

A defasagem é tamanha que, mesmo com a revisão de 4,62%, o salário base dos técnicos não chega ao mínimo, de forma que o impacto é zero, alterando apenas o que o governo deve complementar para cumprir o piso dos trabalhadores.

Para os analistas, o aumento será de R$ 116. Tudo isso compromete a atratividade do concurso que está sendo preparado, salientou a reitora.

Lavínia ainda relatou os esforços da reitoria para a sensibilização quanto à importância do pagamento da ajuda de custo mesmo nos casos de afastamento por licença ou férias, incorporada no projeto de recomposição dos servidores aprovado na ALMG.

Por fim, ela fez o compromisso público de respeitar o lançamento de ponto feito por cada unidade acadêmica, diante do temor dos professores de perderem a ajuda de custo durante a greve.

A deputada Beatriz Cerqueira (PT) elogiou a presença da reitora da Uemg e criticou a ausência do titular da Secretaria de Estado de Educação (SEE), Igor Alvarenga, diante da falta de propostas da representante do Executivo presente no debate, a assessora-chefe de Ensino Superior, Leandra Martins.

“Nós temos uma secretaria que não enxerga a Uemg, que não tem propostas para nossas universidades, que não advoga a favor da educação. Eles simplesmente não se importam”, avaliou.

A parlamentar advertiu que o secretário terá que dar explicações sobre a situação das universidades e o andamento das negociações com os grevistas, no próximo ciclo do Assembleia Fiscaliza, iniciativa de fiscalização das ações do Poder Executivo.

Com informações do site oficial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

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